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Especialista francesa prevê vacina contra melanoma em 3 anos

Dermatologista Brigitte Drenó tenta usar nosso próprio sistema imunológico para enfrentar o câncer de pele

Por Guilherme Rosa
3 ago 2012, 17h55

Em seu laboratório no Instituto de Pesquisas em Bioterapia, na França, a dermatologista Brigitte Drenó trabalha em uma das pesquisas mais avançadas do mundo contra o câncer de pele. Ela não está à procura de substâncias estranhas ao corpo que tenham a capacidade de atacar os melanomas, como a grande maioria dos quimioterápicos. Brigitte estuda maneiras de fazer com que o próprio sistema imunológico destrua as células cancerígenas.

Saiba mais:

CÉLULA T

Os linfócitos T são glóbulos brancos com papel fundamenal no sistema imunológico. Fabricados pela medula óssea, eles são essenciais na imunidade celular contra bactérias, vírus, fungos e contra células que se tornam anormais – como os tumores.

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IMUNOTERAPIA

Esse tipo de terapia funciona por meio da estimulação do sistema imunológico do próprio paciente. Ela pode ser classificada como ativa, quando substâncias são injetadas no organismo para intensificar a resistência, ou de passiva, quando as drogas são usadas para proporcionar capacidade imunológica de combate à doença.

CÂNCER DE PELE NÃO MELANOMA

Tipo de câncer mais comum no Brasil, esse câncer corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Apesar da sua alta incidência, apresenta baixa taxa de mortalidade. Atinge principalmente pessoas de pele clara ou com doenças de pele prévias. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam para 134.170 novos casos em 2012.

CÂNCER DE PELE MELANOMA

O melanoma tem origem nas células produtoras de melanina, substância que dá cor à pele. Esse tipo de câncer de pele é menos frequente, sendo responsável por apenas 4% de todos os tumores malignos no país. Estimativas do Inca sugerem que, em 2012, teremos 6.230 novos casos da doença.

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A dermatologista francesa está em São Paulo participando do XIV Congresso Mundial de Câncer de Pele, iniciado na última quarta-feira, onde fala sobre os desafios e limites da imunoterapia no combate ao melanoma. Em entrevista ao site de Veja, Brigitte explicou como essas pesquisas são feitas e fez prognósticos animadores sobre o tratamento da doença. Segundo ela, dentro de três anos estarão disponíveis as primeiras vacinas contra o câncer de pele.

Por que nosso sistema imunológico não ataca naturalmente o câncer? Porque, para atacar uma célula, o sistema imunológico precisa reconhecer algum marcador nela. Quando usamos uma vacina, por exemplo, nós injetamos no corpo um vírus com proteínas que fazem esse papel de marcador, e induzem a ativação das células de defesa. Ao reconhecer essas proteínas, o organismo produz células T, que atacam todos os invasores que têm marcadores. Assim, conseguimos vencer a infecção. Quando você tem algum câncer, como o melanoma, ele não expressa o marcador que induziria a ativação do sistema imunológico. Se conseguirmos que esses tumores expressem o marcador para ativar as células T de nosso organismo, conseguiremos induzir a imunidade.

Em teoria, o que deveríamos fazer para ativar a imunidade? Para ativar nosso sistema imunológico, precisamos de uma droga que induza as células do melanoma a expressarem esses marcadores. Desse modo, as células T de nosso organismo reconheceriam o câncer e o atacariam. É basicamente isso que tentamos fazer com a imunoterapia: uma vacina contra o câncer.

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O que é preciso para induzir uma célula a expressar seu marcador? Há uma substância chamada interferon, por exemplo, que estimula a imunidade local e obriga as células do melanoma a expressarem seus marcadores, que são, assim, reconhecidos pelas células de defesa. O interferon estimula o gene que já está presente no tumor a expressar essa proteína. No entanto, temos um outro problema na busca de imunoterapia. As células do tumor, além de não expressarem seus marcadores, têm proteínas que inibem o ataque das células T. Estamos trabalhando para superar isso, mas são problemas muito complexos.

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Em qual etapa do desenvolvimento a medicina está? Nós já somos capazes de estimular a expressão dos marcadores. Em nosso laboratório, estamos trabalhando para identificar novas proteínas do melanoma que possam estimular nosso sistema imunológico. E também estudamos como fazer para que elas sejam expressas. Trabalhamos em todos os passos do processo, vamos da pesquisa básica até o trabalho com pacientes.

Quando essa terapia poderá ser usada? A maior dificuldade é descobrir qual o marcador expressado pelas células do tumor, e obter essa proteína. Cada câncer vai ser enfrentado de um jeito, e cada paciente deve receber um tratamento específico. Até conseguirmos desenvolver uma boa vacina, deve demorar uns dois ou três anos. As pesquisas estão ficando mais rápidas, cada vez mais sabemos os mecanismos que o melanoma usa para escapar de nosso sistema imunológico. Em até três anos vamos ter contornado esses problemas e teremos a primeira vacina para o tratamento do melanoma. O que é incrível, porque estima-se que a terapia conseguirá prevenir a metástase do tumor em 60% dos casos.

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