Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Dilma quebra acordo e veta criação de carreira para profissionais do Mais Médicos

A medida atenderia uma reivindicação do Conselho Federal de Medicina

Por Da Redação 23 out 2013, 17h20

Ao sancionar a lei que institui o programa Mais Médicos, publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União, a presidente Dilma Rousseff vetou um dos principais acordos firmados entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o governo: a criação de uma carreira para médicos. A inclusão desse ponto no texto serviu para acalmar os ânimos da entidade, uma das maiores opositoras da matéria desde o seu lançamento.

Ao conceder a carreira aos profissionais atuantes no Mais Médicos, o governo conseguiu que o CFM passasse a apoiar uma das mais controversas mudanças feitas à medida provisória: a competência do Ministério da Saúde de conceder os registros provisórios aos estrangeiros – essa responsabilidade, até então, pertencia aos conselhos regionais.

A solução foi uma forma de destravar a liberação do documento provisório. Ao desembarcarem no Brasil, muitos intercambistas não puderam atuar justamente por causa das barreiras impostas pelos conselhos, que desde o início foram contrários à atuação dos estrangeiros sem a revalidação do diploma – medida que atesta a qualidade de trabalhadores vindos do exterior e lhes garante a possibilidade de atuar de forma indiscriminada no país.

Leia também:

Dilma sanciona lei do Mais Médicos e homenageia cubano hostilizado no Ceará

Continua após a publicidade

CFM muda discurso e se diz satisfeito com Mais Médicos

Carreira médica – A criação de uma carreira específica para médicos não estava prevista no texto original da medida provisória e foi incluída por meio de uma emenda apresentada pelo PSDB. A medida valeria apenas para os intercambistas – estrangeiros e brasileiros formados no exterior – que quisessem prorrogar a permanência no programa, mas atenderia, em parte, uma das principais reivindicações da categoria, que é a criação da carreira de estado para médicos que atendam no Sistema Único de Saúde (SUS).

No texto estava prevista apenas a criação “específica” de uma carreira, sem detalhar quais seriam os direitos ou vínculos dos profissionais. No dia seguinte à aprovação da matéria pela Câmara dos Deputados, no entanto, o presidente do CFM, Roberto D’Ávila, afirmou em entrevista coletiva que havia acertado com o governo a criação de uma carreira médica nacional, alcançada por meio de concurso público, e com remuneração e condições de trabalho adequadas.

Essa inserção fez o conselho se dizer “vitorioso” nas negociações com o Congresso Nacional e anunciar que não brigaria por mudanças na votação no Senado. Outro acordo firmado diz respeito à exclusão da proposta de se criar um Fórum Nacional de Ordenação de Recursos Humanos na Saúde, que seria formado para estabelecer competências profissionais na área de saúde. Para o conselho, a existência desse fórum atingiria a sua livre atuação.

Continua após a publicidade

Legislação – Ao derrubar a criação de uma carreira médica, Dilma alegou que o dispositivo contraria a legislação vigente e a própria lógica interna do Mais Médicos, porque “estrangeiros não podem assumir cargos, empregos e funções públicas em razão da inexistência da regulamentação” prevista em artigo na Constituição. A presidente afirmou ainda que a medida veda o exercício profissional dos intercambistas “de maneira perene e fora do âmbito do projeto”, o que seria incompatível com uma lógica de carreira pública. “Por fim, o dispositivo pode levar à interpretação de acesso automático a cargo ou emprego público”, concluiu a presidente.

O veto de Dilma foi recebido com críticas no plenário da Câmara dos Deputados. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) afirmou que uma semana antes da votação da medida provisória conversou com o ministro Alexandre Padilha e o relator do Mais Médicos, deputado Marcos Rogério (PT-SE), e foi feito um compromisso de manter a emenda caso seu partido não impedisse a votação. “O PSDB não obstruiu, colaborou na tramitação e hoje a medicina brasileira leva um tapa na cara. A marca que fica é a do golpismo e a da mentira”, disse em plenário. “Toda a entidade médica foi traída”, emendou o deputado e médico Eleuses Paiva (PSD-SP).

Em defesa, o relator da matéria afirmou que o governo manteve o acordo ao não criar o fórum de ordenamento e ao prever a revalidação do diploma para os profissionais que queiram prorrogar a permanência no programa. “O termo ‘intercambista’ poderia dar a entender que se criaria uma carreira para estrangeiros. Mesmo assim, vou continuar lutando pela aprovação da proposta que cria a carreira de estado de médicos aqui no Congresso”, alegou Rogério Carvalho.

Nota do CFM – Por meio de nota, o CFM evitou envolver-se na quebra do compromisso e afirmou que o governo descumpriu o acordo firmado com a sua base no Congresso Nacional. “Cabe agora a base aliada e o governo se entenderem para que seja honrado esse compromisso firmado entre eles e também a aprovação de aumento do financiamento federal para o SUS”, afirma o texto. O conselho alegou ainda que a falta de entendimento prejudica a “solução dos problemas crônicos que afetam a saúde”.

Continua após a publicidade

(Atualizado às 20h22 com acréscimo de informações da nota do CFM)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.