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Depois de acordo, Botox aguarda aprovação para uso contra enxaqueca

Por The New York Times
9 set 2010, 12h04

Em relações públicas, é o que se conhece como “semear o mercado” – provocar excitação para a chegada de um produto ou aplicação. Acontece com smartphones, redes sociais e até bolsas de grife. Mas não se supõe que ocorra com medicamentos em ações dirigidas a médicos, de acordo com a lei americana.

Essa é a acusação lançada contra a Allergan, o fabricante do Botox. Na semana passada, a empresa concordou em pagar 600 milhões de dólares para se livrar de acusações civis e criminais de táticas ilegais de marketing. O acordo com o Departamento de Justiça resolveu a mais recente pressão do governo americano contra os principais fabricantes de medicamentos. No ano passado, a Pfizer e a Eli Lilly pagaram grandes somas de dinheiro para encerrar ações federais de marketing ilegal.

A longa investigação federal sobre a Allergan seguiu o aumento do Botox em um mercado em constante expansão. Na última década, o Botox ganhou fama como exterminador de rugas. No caminho, a droga se converteu numa marca de sucesso, com vendas mundiais no ano passado de 1,3 bilhões de dólares, em grande parte porque também pode ser usado para tratar uma variedade de músculos e disfunções em glândulas.

A Food and Drug Administration (FDA), o órgão americano que controla remédios e alimentos, tem aprovado o uso das injeções ao longo do tempo para tratar piscadas involuntárias, espasmos musculares no pescoço, transpiração excessiva nas axilas e rugas entre as sobrancelhas. Neste ano, a agência novamente expandiu o uso do Botox, permitindo seu uso contra o aumento da rigidez muscular em cotovelos e mãos – e agora estuda a aprovação da droga no tratamento de enxaqueca severa.

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Enquanto isso, a Allergan estuda o uso do Botox para o tratamento da bexiga hiperativa, e possui patentes em dezenas de outros potenciais tratamentos com a droga. A companhia nega a maioria das denúncias de marketing ilegal. Mas os documentos divulgados pelo Departamento de Justiça depois do acordo revelam que a Allergan havia trabalhado sistematicamente as vendas do Botox por meio de promoções de tratamentos não aprovados para aliviar doenças como enxaqueca, dor, espasmos musculares e paralisia cerebral em crianças.

Os médicos podem receitar medicamentos não aprovados se os considerarem clinicamente adequados, mas é ilegal um fabricante de remédios promovê-los. Os arquivos dos tribunais descreveram uma agressiva estratégia de marketing, afirmando que a Allergan financiou e disseminou um vídeo de um conhecido professor de neurologia para promover o Botox como tratamento para dor de cabeça e a criação de um site educativo chamado Instituto Neurotoxina – registrado pela Ogilvy HealthWorld, uma agência de publicidade, para promover tratamentos com Botox para médicos e oferecer vantagens financeiras para especialistas que prescrevem Botox.

“O que preocupa o FDA é que se as empresas promoverem o uso de remédios sem apresentar provas de que a droga é segura e eficaz, isso pode colocar os pacientes em risco e subverter o sistema de aprovação de medicamentos”, disse Joshua Sharfstein, comissário-adjunto do órgão. Sem a determinação independente por peritos da agência sobre a dose adequada e precauções para tratamentos específicos, disse ele, os médicos acabam prescrevendo medicamentos sem evidências adequadas.

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Exceto para a ação de uso inadequado, a Allergan negou as acusações civis e criminais, incluindo subornos e fraudes, disse Caroline Van Hove, porta-voz da empresa, acrescentando que as suspeitas não foram provadas. “A Allergan não foi processada por enganar médicos ou causar qualquer dano a pacientes”, registrou Van Hove. “Negamos veementemente qualquer insinuação que isso tenha ocorrido.”

A Allergan, ela acrescentou, gastou centenas de milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento médico do novos usos para o Botox. O medicamento é aprovado em 81 países para o tratamento de 21 condições diferentes, disse ela. Vários fabricantes de medicamentos financiam o Instituto Neurotoxina, um grupo científico independente, acrescentou.

O acordo final ocorre em um momento delicado para o potencial uso do Botox na prevenção da enxaqueca crônica, uma doença debilitante. O FDA deve decidir até o final de outubro sobre o pedido da Allergan, apresentado no ano passado. Mesmo assim, de acordo com a evidência de um processo separado de responsabilidade do produto, o uso de Botox para dor de cabeça gerou vendas de 56 milhões de dólares em 2007, sinalizando o uso crescente do tratamento.

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Van Hove, da Allergan, disse que a empresa não promoveu o Botox contra enxaqueca. Se o FDA aprovar o uso tratamento para dor de cabeça, acrescentou, será “uma resposta a uma necessidade importante no tratamento de enxaqueca crônica que não pode ser desacreditada como resultado do acordo judicial”.

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