Comissão de Ética da Presidência questiona novo diretor da ANS
Órgão pediu que Elano Figueiredo confirme se já trabalhou ou não para operadora de plano de saúde - e, se sim, por que omitiu a informação de seu currículo
A Comissão de Ética da Presidência da República encaminhou nesta quarta-feira um ofício ao novo diretor da Agência Nacional de Saúde (ANS), Elano Rodrigues Figueiredo, com pedido de informações para saber se ele foi advogado de um plano de saúde. O documento também questiona o motivo pelo qual ele teria omitido a informação em seu currículo, avaliado pelo Congresso antes de sua nomeação ao cargo na agência ter sido aprovada.
A nomeação de Figueiredo a uma das diretorias da ANS foi aprovada em 11 de julho, e ele tomou posse do cargo na última sexta-feira.Segundo reportagem publicada neste domingo no jornal O Globo, Figueiredo já foi diretor jurídico da operadora de saúde HapVida, empresa que atua no Nordeste, e advogado da Unimed. Nesta segunda-feira, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, pediu que a Comissão de Ética da Presidência analisasse a situação do advogado e avaliasse os conflitos de interesse que poderiam estar envolvidos na nomeação de Figueiredo. A decisão de pedir que a pasta encaminhasse o pedido à Comissão de Ética foi da própria presidente Dilma Rousseff.
Para o Planalto, o destino do advogado já está selado e ele será afastado do cargo após a Comissão de Ética julgar o caso. O governo recorreu à comissão para chancelar a decisão, “terceirizando” o problema, já que este é considerado um “caso clássico de conflito de interesses”.
O ofício expedido nesta quarta foi assinado pelo presidente da Comissão de Ética, Américo Lacombe. Ele deu um prazo de dez dias para Figueiredo esclarecer a situação. Ao encaminhar o questionamento antecipadamente, a Comissão de Ética espera que, na reunião do dia 26 de agosto, Elano já tenha respondido e os conselheiros possam agir, de imediato, sugerindo à presidente da República o seu afastamento da ANS, que será prontamente atendido por Dilma Rousseff.
Carteira assinada – Figueiredo trabalhou com carteira assinada para a Hapvida por quase dois anos. A operadora de planos de saúde informou que ele exerceu o cargo de assessor jurídico entre outubro de 2008 a junho de 2010 e que de 2001 a 2008 ele atuou na operadora de forma independente. No currículo encaminhado ao governo, Figueiredo informou apenas que, entre 2008 e 2010, trabalhou como advogado.
(Com Estadão Conteúdo)