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Comer menos ativa enzima relacionada à longevidade

Estudo descobriu que enzima ajuda as células no processo da mitose quando há poucos nutrientes, evitando variações no material genético

Por Da Redação
26 dez 2011, 11h56

A restrição do consumo de calorias já foi relacionada de diversas maneiras com a longevidade em várias espécies. Agora, um estudo realizado pelo Centro Médico da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, identifica o mecanismo que desencadeia esse processo. Segundo a pesquisa, a redução na quantidade de nutrientes faz com que a enzima quinase ativada em AMP (AMPK) ajude a completar o processo de divisão celular, conhecido como mitose (veja quadro). O estudo foi divulgado no site do periódico Molecular Cell.

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MITOSE

É o processo de renovação das células. Uma célula mãe divide-se em duas com material genético idênticos, fazendo com que as novas células desenvolvam o mesmo papel do que o da mãe. Durante esse processo os genes podem sofrer alterações por algum motivo, refletindo em alguma variação no organismo.

QUINASE

São enzimas que tem ação intracelular e regulam de diversas formas o metabolismo das células. Algumas agem diretamente em processos como a mitose e, quando desreguladas, podem facilitar aparecimentos de doenças como o câncer. Por isso, essas enzimas costumam ser exploradas nas pesquisas envolvendo tumores.

Os pesquisadores descobriram que a AMPK é capaz de identificar quando a quantidade de nutrientes no corpo é escassa. Nesta situação, ela inicia um processo que estabiliza a mitose das células normais, cancerígenas e das células-tronco, evitando que alterações no material genético celular ocorram durante o processo e desencadeiem problemas como o câncer. “Geralmente a ação das enzimas é muito específica, e a AMPK é ativada somente quando há falta de nutrientes, distribuindo nas células a energia necessária para a reprodução”, afirma o geriatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Fernando Bignardi.

Opinião do especialista

Pilar Estevez Diz

Médica oncologista e coordenadora de oncologia clínica do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP)

Descobrir o funcionamento da quinase é importante pois ela está envolvida em várias etapas do ciclio celular, regulando a produção de energia dentro das células em situações de “jejum”, ou seja, de poucos nutrientes.

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Como essa enzima se relaciona diretamente com várias proteínas, ela pode se tornar um potencial para regulação da célula e para prevenção e tratamento de doenças como o câncer.

Se o funcionamento dessa enzima não for ativado ou não for correto, poderá ocorrer uma divisão anormal das células e o aparecimento de doenças.

Já conhecemos algumas evidências de que a desregulação de energia celular está relacionada ao câncer e esse estudo, embora em fase inicial, mostra um caminho.

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Embora outros estudos já tivessem demonstrado a importância dessa enzima na relação entre comer pouco e longevidade, essa ação específica ainda não era conhecida, segundo Anne Brunet, professora de genética da Universidade de Stanford e coordenadora do estudo. A AMPK é capaz de distribuir o fosfato, essencial para as células terem energia, durante a mitose em ambientes carentes de nutrientes. É uma via alternativa que oferece proteção para o organismo em situações como essas.

“Mas isso não quer dizer que as pessoas devam fazer jejum para que a enzima seja ativada e a célula seja protegida, já que, com quantidades suficientes de nutrientes, a divisão celular simplesmente não precisa da ação da AMPK para concluir a mitose”, diz Bignardi.

No estudo, feito com células humanas, os pesquisadores usaram um método capaz de identificar e seguir quais proteínas são alteradas pela ação da enzima. Eles identificaram 32 proteínas, sendo que 28 eram até então desconhecidas e várias delas estavam envolvidas diretamente na mitose. “É a primeira vez que o método de triagem tem sido aplicado à enzima AMPK em células vivas humanas”, disse Brunet.

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“Diante da privação de nutrientes, a enzima é importante para a célula completar a mitose com segurança e evitar instabilidade genômica”, disse Brunet. Segundo a pesquisadora, a descoberta pode ter implicações para todos os tipos de células em divisão.

De acordo com os pesquisadores, com a identificação de novas moléculas afetadas pela AMPK, aumentam os alvos potenciais para tratamentos de doenças como o câncer. Além disso, o sistema de triagem utilizado na pesquisa pode ser útil no estudo de outras enzimas.

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