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Carne de cavalo, por si só, não faz mal à saúde

O consumo dos fragmentos encontrados em produtos europeus só representa um risco à saúde por ter sua procedência desconhecida

Por Vivian Carrer Elias
17 fev 2013, 17h03

A recente descoberta de que há carne de cavalo misturada a alimentos feitos com carne bovina, incluindo hambúrgueres e lasanha, e vendida em mercados europeus provocou repercussão internacional. As reações negativas ao caso não são à toa: o consumidor deve ser informado sobre o que está comendo e qual a procedência do seu alimento – direitos que lhes foram reitrados nesse caso. É errado pensar, no entanto, que consumir carne de cavalo por si só já representa um risco à saúde. A carne de cavalo é consumida normalmente em diversos países da Europa, entre eles França, Bélgica e Itália. Restaurantes japoneses às vezes a servem crua, como iguaria. Quando produzida conforme as normas sanitárias determinam, o alimento não faz mal – assim como não fazem mal a carne de boi, de porco, de coelho e até de cachorro.

O problema em relação ao ocorrido na Europa é o fato de que a carne de cavalo encontrada tem procedência desconhecida. “Isso abre a possibilidade de irregularidades em seu processo de fabricação, como a contaminação da carne por medicamentos ou anabolizantes, ou ainda um processo inadequado de conservação do alimento”, diz Alexandre Momesso, mestre em saúde pública, professor de microbiologia e parasitologia de alimentos e coordenador do curso de pós-graduação de Controle Sanitário de Alimentos da Universidade de São Caetano do Sul.

Uma das grandes preocupações nesse caso é a possibilidade de a carne ter sido contaminada por fenilbutazona, um anti-inflamatório frequentemente dado a cavalos em doses muito altas para reduzir dores e febre. Essa substância também está presente em alguns medicamentos de uso humano, mas em uma concentração muito menor. “É uma droga usada de forma muito restrita, pois tem muitos efeitos colaterais. Ela apresenta, por exemplo, uma toxidade hepática muito grande e representa alto risco de causar problemas como hepatite, insuficiência renal e até úlcera gástrica”, diz Érico Souza de Oliveira, clínico geral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Além dessas, outras reações da droga incluem alergia ao medicamento, sangramentos e, em casos mais raros, câncer no sangue.

Dosagem – Mesmo que a carne de cavalo tenha, de fato, sido contaminada por fenilbutazona, isso não é o suficiente para provocar um desses efeitos adversos de maneira imediata. Isso porque é preciso uma dosagem alta da substância para que isso ocorra. “Seria necessário que o indivíduo comesse muita carne processada e que a dose de um medicamento que contaminou a carne fosse elevada”, diz Momesso. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Chris Elliott, professor de segurança alimentar e microbiologia da Queen’s University de Belfast, na Irlanda do Norte, afirma também que a quantidade de fenilbutazona que obtemos ao comer um hambúrguer de carne de cavalo é de cerca de um milionésimo da adquirida quando uma pessoa recebe uma dose da substância, presente em medicamentos para tratar a gota.

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