Anvisa adia para semana que vem decisão sobre emagrecedores
Conselho Federal de Medicina emitiu nota afirmando esperar a liberação dos inibidores de apetite
A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a proibição ou não dos remédios emagrecedores, prevista para esta quarta-feira, deve ficar apenas para a próxima semana. A diretoria colegiada da entidade – formada por seus quatro diretores – se reuniu durante a tarde, mas não chegou a uma conclusão sobre o banimento da classe de medicamentos anorexígenos, como a sibutramina.
Questão de peso
As idas e vindas da Anvisa em relação aos medicamentos inibidores de apetite
- 16/02/2011 – Em seu site, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária anuncia a proposta de banimento dos remédios emagrecedores que atuam no sistema nervoso central: a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropiona e mazindol).
- 18/02/2011 – Reportagem publicada pela revista VEJA mostra por que decisão da Anvisa é uma ameaça à saúde de 16 milhões de pessoas.
- 23/02/2011 – Em audiência pública, sociedades médicas se mostram contrárias à proposta de banimento. Diante disso, a proibição, antes programada para o início de março, é adiada.
- 02/03/2011 – A ONU divulga relatório defendendo o uso dos inibidores de apetite no combate à obesidade, mas recomenda controle sobre a venda e prescrição da droga.
- 13/04/2011 – A Anvisa anuncia a realização de um painel científico sobre a retirada do mercado dos medicamentos emagrecedores.
- 14/06/2011 – Anvisa realiza painel científico com a presença do cardiologista norueguês Christian Torp-Pedersen, integrante do comitê independente que realizou o estudo Scout, sobre os efeitos da sibutramina em pacientes obesos e que serviu de base para a Anvisa propor a proibição dos emagrecedores. Pedersen se diz contrário à proibição.
- 24/08/2011 – A Anvisa recua de sua decisão inicial de proibir todos os medicamentos emagrecedores. Relatório recomendou a manutenção da sibutramina e a proibição das drogas dietilpropiona, femproporex e mazindol.
- 31/08/2011 – Colegiado da Anvisa – formado pelos quatro diretores da agência – se reúne, mas não chega a decisão final.
No início deste ano, a Anvisa propôs proibir a comercialização de todas as drogas que atuam no sistema nervoso central, como a sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropiona e mazindol), baseada em um estudo que apontava que o consumo dessas substâncias aumenta o risco de problemas cardíacos.
Na época, segundo Dirceu Barbano, diretor da Anvisa, a agência concluiu que, por mais que o medicamento seja controlado e indicado apenas para pacientes com determinados perfis, não há evidências suficientes que demonstrem que a perda de peso supera os riscos cardíacos.
A forte reação da classe médica fez com que fosse convocada um painel científico em Brasília, na metade de junho, com médicos e até com a presença do cardiologista norueguês Christian Torp-Pedersen, integrante do comitê independente que realizou o estudo Scout, sobre os efeitos da sibutramina em pacientes obesos. Foi com base neste estudo que a Anvisa propôs a proibição dos emagrecedores. Durante o encontro, Pedersen disse ao site de VEJA ser contra o fim da comercialização da sibutramina.
Após o painel, a equipe técnica da Anvisa manteve a recomendação de banir os emagrecedores, mas, na última quarta-feira (24), houve um recuo. Em relatório apresentado para membros da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) da agência, a equipe manteve a decisão de indicar a proibição apenas das drogas dietilpropiona, femproporex e mazindol.
O documento impôs condições para que a sibutramina continue no mercado: a droga não pode ser prescrita por um período superior a 60 dias, o paciente tem de ter índice de massa corpórea (IMC) acima de 30 e ele também terá de assinar um documento em que confirma estar ciente de todos os riscos.
Nota – O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou, nesta quarta-feira, um comunicado defendendo o uso dos inibidores de apetite como “auxiliares no tratamento da obesidade”. A entidade também afirmou que, em vez de proibir a comercialização dos medicamentos, é “recomendável fortalecer os mecanismos de controle de sua venda”.