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Anos de exercício intenso podem prejudicar o coração

Estudo em ratos mostra como o esforço continuado aumenta o risco de arritmia

Por La Vanguardia
18 jan 2011, 16h38

O exercício físico intenso e continuado cobra a fatura ao final de alguns anos: não apenas o coração cresce – em todos os atletas – para se adaptar a um esforço maior, como se produz uma mudança na estrutura dos tecidos do músculo cardíaco, que são fibrosos, o que o torna muito mais suscetível às arritmias.

Essa conclusão, que causou escândalo em muitos cientistas que revisaram a pesquisa, publicada na revista Circulation depois de dois anos de críticas, é do hospital catalão Clínic, em colaboração com o Montreal Heart Institut do Canadá. Tornou-se escandalosa porque o esporte é bom, o exercício físico protege do infarto e melhora a saúde em todos os aspectos possíveis e a pesquisa põe um limite na bondade, até agora só intuída. E mostra como.

A equipe do Clínic, de Barcelona, partia de muitos trabalhos e experiências anteriores nas quais se mostrava como aqueles que passam dez anos fazendo exercício intenso durante seis horas por semana tinham um risco muito maior de sofrer fibrilação atrial que a população em geral.

Entre os corredores de maratona de Barcelona também fora detectado oito vezes mais risco e mais predisposição a arritmias, dependendo do número de horas acumuladas de esforço intenso. “E tendo em conta que a cada ano aumenta em 10% o número de participantes em maratonas populares, era evidente que se precisava estudar o que acontecia nos tecidos cardíacos”, explica o responsável pela unidade de arritmia do Clínic, Lluís Mont, que liderou a pesquisa.

Todos os ratos de maratona do ensaio, depois de correr em sua gaiola o equivalente humano a uma hora diária durante dez anos, ao cabo de oito semanas tinham fibrose no músculo cardíaco. Supõe-se que a estrutura do tecido sofra anomalias e os sinais elétricos entre as células se interrompem às vezes. O que se traduz em uma grande suscetibilidade à arritmia, em comparação com os ratos sedentários. “A boa notícia é que, ao suspender o exercício durante quatro semanas, a hipertrofia retrocede e as paredes voltam a uma grossura parecida com a original”, disse a bióloga Gemma Gay.

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A mensagem é dirigida a todos que praticam esportes, mas especialmente aos ciclistas que a cada final de semana correm dezenas de quilômetros, e aos corredores que a cada manhã ou fim de tarde armazenam quilômetros até a próxima corrida popular. “Todos que fazem exercício físico de resistência precisam submeter-se a uma revisão regular para assegurar que não estão prejudicando o coração”, adverte o cardiologista Josep Brugada, diretor do hospital.

“É uma mudança de paradigma”, adverte Mont. “O esporte de resistência entra no risco cardiovascular, como a hipertensão. Onde está o ponto de inflexão entre o exercício que protege contra o infarto e o que gera perigo? É preciso estudar mais. Por ora, sabemos que alguns medicamentos para hipertensão funcionam também para a fibrose muscular.”

A arritmia atrial é um risco que 5% da população em geral corre aos 80 anos. Os que praticam maratonas ou andam de bicicleta com intensidade contínua trazem o risco para os 50 ou 60 anos e em uma proporção maior, quase o dobro da média.

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