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Acaso ajuda a dar novos usos para velhos medicamentos

Não faltam remédios que ganham usos diferentes dos para os quais foram inicialmente desenvolvidos. A tecnologia tornará o fenômeno ainda mais comum

Por Jones Rossi
17 set 2011, 14h42

Antes de se tornar um medicamento arrasa-quarteirão para o tratamento da impotência, o Viagra era estudado para combater problemas no coração. A sibutramina, centro da polêmica sobre a proibição dos emagrecedores no Brasil, é um antidepressivo, mas um de seus efeitos colaterais é cortar o apetite. Os dois remédios são exemplos de algo que está se tornando cada vez mais comum: o uso de medicamentos off label, ou seja, para fins que não estão previstos na bula.

Glossário

ANGINA

Dor no peito causada pelo suprimento insuficiente de oxigênio no músculo cardíaco.

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OFF LABEL

Como são conhecidos os medicamentos projetados para um uso específico, mas que, intencionalmente ou não, ganham novas finalidades.

O mais novo membro do grupo é a liraglutida (cujo nome comercial é Victoza), recém-lançado para tratar o diabetes, que se mostrou bastante eficaz como emagrecedor. Sua fabricante, que por enquanto recomenda o uso apenas no tratamento do diabetes, já iniciou o processo para que ele também seja aprovado para tratar da obesidade.

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Até a assustadora talidomida, que provocou um dos maiores desastres médicos na década de 1950 e 1960, quando era receitada para grávidas com enjoo matinal, ganhou novo uso. Depois de ser banida do mercado em 1961, por causar sérios defeitos de nascença em mais de 10.000 crianças, que nasceram com pernas e braços atrofiados, passou a ser usada com sucesso no tratamento da hanseníase e do câncer.

“É comum que o efeito colateral de um remédio sirva para tratar outro problema”, diz Paulo Olzon, clínico geral e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele cita principalmente os antidepressivos, cujos efeitos colaterais permitem que sejam usados em tratamentos dos mais diversos tipos, desde o emagrecimento até o tratamento do tabagismo, passando pelo aumento da produção de leite nas mães que estão amamentando. Foi o que aconteceu com a bupropiona. Comercializado como Wellbutrin quando era um antidepressivo, foi renomeado para Zyban, um remédio para o controle do tabagismo, quando se descobriu que ele causava náuseas em fumantes. Trata-se de um exemplo extremo – mas não são poucos os casos de medicamentos que, mantendo o mesmo nome, hoje são mais usados com sua finalidade off label, descoberta posteriormente, do que com seu propósito original.

Em artigo publicado no British Medical Journal, em fevereiro deste ano, o médico Allen Shaugnessy, da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, afirmou que a descoberta de prescrições off label deve se tornar ainda mais corriqueira com o uso de programas que analisam extensos bancos de dados procurando relações entre os medicamentos existentes, suas substâncias, seu ponto de atuação no corpo e seus efeitos colaterais. É bem provável que a nova geração de remédios não esteja nos laboratórios ultrassofisticados das grandes empresas farmacêuticas, e sim nas prateleiras de uma farmácia na esquina de sua casa, à espera de uma nova função, determinada por um programa de computador. “A identificação de novos usos para velhas drogas se tornou uma ciência”, diz Shaughnessy.

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