O Wikileaks publicou neste sábado uma lista com o nome de 29 membros do governo Dilma Rousseff que foram espionados pela Agência de Segurança americana (NSA) no começo de seu primeiro mandato da presidente, em 2011. Entre os nomes divulgados estão os do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, do ministro do Planejamento Nelson Barbosa (à época o secretário-executivo do Ministério da Fazenda), do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general José Elito Siqueira e do ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Alberto Figueiredo Machado, então subsecretário-geral de Meio Ambiente e que hoje é o embaixador do Brasil em Washington.
A divulgação da lista aconteceu poucos dias depois de Dilma e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reunirem na capital americana e darem por encerradas as tensões pela espionagem da NSA. O encontro entre os dois mandatários, que aconteceu na última semana, estava inicialmente programado para outubro de 2013, mas Dilma cancelou a visita após a revelação de que as agências de inteligência americanas haviam espionado suas comunicações pessoais. Na lista de nomes e de telefones grampeados divulgada neste sábado, também figura a linha do jato presidencial brasileiro, além de quatro números do escritório da presidente no Palácio do Planalto e o telefone do assessor pessoal de Dilma.
Após a divulgação do Wikileaks, o Palácio do Planalto afirmou que a nova lista não deve mudar o humor da relação entre Brasil e Estados Unidos. “A posição do governo é de que esse episódio é relacionado a episódios antigos.”, disse o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, ao portal G1. “O próprio governo americano reconheceu internacionalmente o erro e assumiu compromisso de mudança de prática. Para o governo [brasileiro], está superado.”, finalizou Edinho. O Ministério das Relações Exteriores disse estar analisando as informações. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil ainda não se pronunciou sobre o caso.
O documento também inclui membros da equipe econômica da presidente e da diplomacia brasileira, entre eles os embaixadores do Brasil em Berlim, Paris, Genebra, Bruxelas e Washington. O fundador do Wikileaks, Julian Assange, afirmou que a publicação deste sábado demonstra que os Estados Unidos “têm um longo caminho a percorrer para demonstrar que a vigilância aos governos ‘amigos’ terminou”.
“Se a presidente Dilma quer ver mais investimento americano no Brasil como resultado de sua recente viagem, como pode garantir às empresas brasileiras que seus colegas americanos não terão vantagem proporcionada por esta vigilância?”, questionou Assange. Em 2013, documentos entregues pelo ex-analista da NSA, Edward Snowden, ao jornalista Glenn Greenwald, revelaram que essa agência de inteligência espionou as comunicações de Dilma, de empresas, de cidadãos e de membros do governo brasileiro.
Confira a lista divulgada pelo Wikileaks (em inglês) abaixo:
(Com agência EFE, Estadão Conteúdo e Agência Brasil)