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‘Volte a bordo’, ordenou Guarda Costeira a capitão do navio

Diálogo comprova que o comandante do Costa Concordia fugiu; ouça o áudio

Por Da Redação
17 jan 2012, 12h37

A imprensa italiana publicou nesta terça-feira a transcrição da conversa por telefone que o capitão do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, teve com um membro da Guarda Costeira depois do naufrágio do transatlântico, na noite de sexta-feira. Bastante tenso, o diálogo é um duro golpe contra o comandante, acusado de cometer uma manobra imprudente, minimizar o acidente e, depois, abandonar o navio antes da saída de todos os passageiros.

Ouça, abaixo, o diálogo que comprova a fuga do comandante do Costa Concordia:

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Entenda o caso

  1. • O navio Costa Concordia viajava com mais de 4.200 pessoas a bordo quando bateu em uma rocha junto à ilha italiana de Giglio, na noite do dia 13 de janeiro.
  2. • A colisão abriu um grande buraco no casco do navio, que encheu de água, encalhou em um banco de areia e virou.
  3. • Onze mortos foram confirmados até agora.
  4. • Os trabalhos de buscas são coordenados com a tarefa de retirar as 2.400 toneladas de combustível do navio, sob o risco de contaminação da área do naufrágio.

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No momento da conversa, gravada à 1h46 de sábado (hora local, 22h46 de sexta-feira em Brasília), o capitão do Costa Concordia já havia deixado o navio. O comandante Gregorio Maria De Falco, da Capitania do Porto de Livorno, ordena que ele volte ao local do naufrágio e informe quantas pessoas precisam de resgate. Schettino tenta se esquivar e irrita a autoridade marítima. “Você está se recusando?”, pergunta De Falco. “Volte a bordo, c***!!”. Segundo a Capitania dos Portos, o comandante foi para um rochedo às 00h30. De acordo com testemunhas, ele não voltou mais ao Costa Concordia para comandar o resgate, que prosseguiu até as 6 horas.

Leia a seguir a transcrição da conversa entre Schettino e De Falco:

De Falco: “Sim, eu sou De Falco, de Livorno, falo com o comandante?”

Schettino: “Sim, boa noite, comandante De Falco.”

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De Falco: “Diga-me o seu nome, por favor.”

Schettino: “Eu sou o comandante Schettino, comandante.”

De Falco: “Schettino? Ouça Schettino: há pessoas presas a bordo. Agora, vá com seu bote à proa do navio do lado direito. Há uma escada (de socorro) e suba a bordo. Você vai a bordo e nos diga quantas pessoas estão lá. Entendido? Estou gravando esta comunicação, comandante Schettino.”

Schettino: “Comandante, vou te dizer uma coisa…”

De Falco: “Fale mais alto. Coloque a mão na frente do microfone e fale mais alto. Entendido?”

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Schettino: “Agora o navio está inclinado…”

De Falco: “Entendo. Ouça: há pessoas descendo pela escada de proa. Você deve passar por essa escada no sentido inverso, subir no navio e me dizer quantas pessoas estão lá e o que está acontecendo a bordo. Entendido? Você deve me dizer quantas crianças, mulheres e pessoas estão lá precisando de ajuda. E você me diga quantas pessoas há nessas categorias. Entendido? Ouça Schettino, você talvez tenha conseguido se salvar do mar, mas aqui, as coisas vão ficar realmente ruins… Eu vou te causar muitos problemas. Volte a bordo, c***!!”

Schettino: “Comandante, eu imploro a você…”

De Falco: “Não, eu é que imploro a você… Você tem que ir agora mesmo, volte a bordo. Você tem que me garantir que está voltando a bordo.”

Schettino: “Já estou indo para lá, já estou indo, não vou a parte alguma, estou indo.”

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De Falco: “O que você está fazendo, comandante?”

Schettino: “Vou para lá para coordenar os trabalhos de socorro.”

De Falco: “Quem está coordenando lá? Volte agora a bordo para coordenar o socorro a bordo. Você está se recusando? “

Schettino: “Não, não me recuso.”

De Falco: “Você está se recusando a voltar a bordo? Diga-me por qual motivo você não vai para lá?”

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Schettino: “Eu não estou indo para lá porque outro barco (bote de socorro) chegou.”

De Falco: “Volte a bordo, é uma ordem. Você não deve pensar em outra coisa. Você declarou o abandono do navio. Agora sou eu quem comanda. Volte a bordo! Entendido? Ouviu? Vá lá e entre em contato diretamente do navio. No local já há o meu socorro aéreo”.

Schettino: “Onde está o seu veículo de socorro?”

De Falco: “Ele está na proa. Vá para lá. Já há corpos, Schettino”.

Schettino: “Quantos?”

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De Falco: “Eu não sei.. Um com certeza, eu fui informado. É você que tem que me dizer quantos, Cristo!!!”

Schettino: “Mas você se deu conta de que é noite e que aqui não vemos nada?”

De Falco: “O que você quer fazer, Schettino, voltar para casa? É noite, e por isso você quer voltar para casa? Volte para a proa do navio pela escada e me diga o que pode ser feito, quantas pessoas há lá, do que elas precisam. Agora!!”

Schettino: “Eu estarei com o segundo comandante” (no bote de socorro).

De Falco: “Voltem a bordo todos os dois. Você e seu segundo, voltem agora a bordo, entendido? “

Schettino: “Comandante, eu queria voltar a bordo, mas o outro bote aqui… Há outros socorristas… Ele parou e está preso, eu chamei outros socorristas”.

De Falco: “Você está me dizendo isso há uma hora. Volte a bordo agora, Volte a b-o-r-d-o (grita)!! E me diga já quantas pessoas estão lá”.

Schettino: “Tudo bem, comandante”

De Falco: “Vá para lá imediatamente!!”

Confira, abaixo, as circunstâncias que levaram ao naufrágio do Costa Concordia:

(Com agência France-Presse)

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