Venezuela: crise e escassez fazem roubos de alimentos dispararem
Pessoas são atacadas nas ruas após fazerem compras. Produtos visados incluem leite, farinha, óleo e papel higiênico
A crise na Venezuela e a escassez de produtos básicos são os responsáveis diretos pelo aumento de roubos e furtos, informa nesta quarta-feira o jornal El Universal. Um quilo de farinha de milho, quatro rolos de papel higiênico ou um quilo de leite em pó se tornaram mercadorias tão desejáveis quanto um relógio caro ou um smartphone. Porém, entre os ladrões que roubam os alimentos não estão apenas delinquentes, mas muitos cidadãos comuns.
“Na entrada do Metrô Chacaíto uma senhora me bateu para roubar dois quilos de leite em pó que eu tinha acabado de comprar”, disse Andrea Vilchez, alertando que agora teme ser atacada novamente após fazer compras. O clima de violência que existe na Venezuela, juntamente com a escassez de produtos básicos trouxe para o cenário nacional o aumento de roubos e furtos não somente de alimentos como também de peças de automóveis, baterias, pneus e outros produtos em falta no mercado. De acordo com o jornal, as histórias de vítimas só aumentam, e devido à baixíssima quantidade de pessoas que prestam queixa relatando tais delitos, os pequenos roubos e furtos ficam fora das estatísticas oficiais.
Leia também
Venezuela aumenta preço de passagens aéreas em 350%
Mulheres de opositores presos vencem eleições
Hospitais de Caracas suspendem cirurgias por falta d’água
Para evitar roubos, muitas pessoas estão escondendo suas compras em bolsas escuras ao sair de supermercados. “Eu já vi isso acontecer, algumas pessoas passam de moto e roubam as compras de outras, especialmente de mulheres mais velhas. Agora eu venho ao supermercado com uma bolsa escura para ninguém ver o que eu comprei”, disse Isabel Rivas.
Saiba mais:
Supermercado estatal é o retrato da falência da Venezuela
Devido à escassez na Venezuela, as compras na rede estatal de supermercados são possíveis em apenas dois dias por semana e com limite de produtos por consumidor. Os venezuelanos interessados são fichados e recebem senhas, que funcionam em sistema de rodízio. Na prática, os consumidores têm uma senha, mas isso não garante que conseguirão, de fato, comprar alguma coisa – além das filas enormes em supermercados, os produtos esgotam-se rapidamente. As compras em supermercados estatais – com preços subsidiados, que atendem a população mais carente – são limitadas a, por exemplo, dois litros de óleo, uma lata de leite em pó, um pote de manteiga, um quilo de café e quatro quilos de farinha por pessoa.