Dois novos livros de jornalistas italianos mostram um Vaticano assolado pela má gestão, a ganância, o nepotismo e a corrupção, e onde o papa Francisco ainda enfrenta forte resistência da velha guarda à sua agenda de reformas. Os livros Mercadores no Templo, de Gianluigi Nuzzi, e Avareza, de Emiliano Fittipaldi, serão lançados na Itália nesta quinta-feira e já foram condenados pelo Vaticano.
A Santa Sé disse na segunda-feira que os livros “geram interpretações confusas, parciais e tendenciosas”, em um comunicado em que anunciou a prisão de dois membros de uma comissão que o papa tinha criado para estudar reformas financeiras. Os dois, incluindo um clérigo de alto escalão, foram detidos por suspeita de vazamento de documentos confidenciais aos autores dos livros.
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Um dos destaques do livro de Nuzzi é a transcrição de uma gravação do papa Francisco em uma reunião em julho de 2013 – quatro meses após sua eleição -, na qual ele reclama com altos oficiais do Vaticano sobre a falta de transparência nas finanças. “Temos que esclarecer melhor as finanças da Santa Sé e torná-las mais transparentes”, disse ele, segundo a transcrição da gravação citada no livro, que o autor diz ter sido feita secretamente por alguém na sala.
“Cla-re-za. Isso é o que é feito nas empresas mais humildes, e temos de fazer também”, diz o papa, acrescentando que “não é exagero dizer que a maioria de nossos custos estão fora de controle”, segundo o livro.
Nuzzi ficou conhecido em 2012 com o livro Sua Santidade, escrito em grande parte com base em documentos vazados pelo mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, que roubou o material da mesa do pontífice. Esse escândalo, que levou à detenção e prisão do mordomo, ficou conhecido como “Vatileaks” e acredita-se que o alvoroço que causou tenha, em parte, motivado a decisão do papa Bento de renunciar no ano seguinte.
(Com Reuters)