União Europeia deve aprovar retomada de buscas por imigrantes
Decisão deverá ser votada durante uma reunião de chefes de Estado nesta quinta-feira. Pressão sobre o bloco aumentou após tragédias recentes
Os chefes de Estado das nações integrantes da União Europeia (UE) devem decidir nesta quinta-feira pela retomada das buscas por imigrantes no Mar Mediterrâneo. O encontro de emergência será realizado após a pressão pública em decorrência do naufrágio que vitimou aproximadamente 800 pessoas no domingo, segundo dados da ONU. Cerca de 1.800 refugiados morreram nas águas do Mediterrâneo até abril de 2015 – no ano passado, os órgãos internacionais haviam registrado a morte de 100 pessoas no mesmo período.
As tragédias se intensificaram após a Itália cancelar o Mare Nostrum, um programa de buscas que salvou a vida de mais de 100.000 pessoas no ano passado. O governo italiano justificou a decisão dizendo que os demais países da UE não queriam arcar com os custos das operações. Foi aprovado em substituição ao Mare Nostrum o programa Triton, cujo raio de abrangência é bem menor que o anterior e engloba apenas a patrulha das fronteiras do bloco econômico. A aprovação do Triton encontrou respaldo entre nações da UE defensoras do argumento de que salvar a vida dos imigrantes à deriva encorajaria outros a partirem em direção ao continente europeu.
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A retomada das buscas também será uma forma de conter um agravamento da situação nos próximos meses. Organizações internacionais afirmam que a temporada de maior fluxo de imigrantes no Mar Mediterrâneo ainda não teve início. Ao menos 3.200 pessoas morreram durante todo o ano de 2014 em travessias clandestinas na região. Se o panorama atual for mantido, os grupos de defesa dos direitos humanos estipulam que o número de vítimas poderá ultrapassar 30.000 neste ano.
Com a ampliação da área de operações para regiões próximas à costa do norte da África, as guardas marítimas estarão em águas internacionais e serão obrigadas a resgatar qualquer embarcação que esteja encontrando dificuldades. Fontes diplomáticas disseram que os chefes de Estado estão inclinados a dobrar o montante de dinheiro e os equipamentos disponíveis para as patrulhas do Mediterrâneo. “Nossa maior prioridade nesta quinta-feira é prevenir que mais pessoas morram no oceano”, disse o presidente do conselho europeu, Donald Tusk, ao convidar os mandatários para a reunião.
Homenagens – Um memorial foi organizado nesta quarta-feira em Valetta, capital da ilha de Malta, para honrar a memória das 24 vítimas do desastre de domingo cujos corpos foram resgatados no Mar Mediterrâneo. “Descansem em paz, irmãos e irmãs. A vida de vocês importa”, dizia uma nota presa a um buquê de flores. Apenas 28 imigrantes foram encontrados com vida pelas patrulhas marítimas. Entre eles estavam dois traficantes de pessoas que foram presos pelas autoridades italianas e responderão judicialmente por múltiplos homicídios. Os demais estão recebendo os cuidados médicos necessários na cidade de Catânia, na região italiana da Sicília.
(Da redação com agência Reuters)