Tropas ucranianas se retiram do aeroporto de Donetsk
Vídeo registra o que sobrou – praticamente nada – das instalações que foram palco de confrontos entre militares e separatistas pró-Rússia
O exército ucraniano sofreu nesta quinta-feira um grande revés com a perda do aeroporto de Donetsk para rebeldes separatistas pró-Rússia. O aeroporto é considerado estratégico e simbólico, apesar da infraestrutura em ruínas. Há meses tropas do governo e rebeldes estavam em conflito pela posição. A rede britânica BBC publicou um vídeo com imagens gravadas por um avião não tripulado que registram a destruição no local.
Os rebeldes pró-Rússia lançaram uma grande ofensiva no último dia 15 para tomar as partes ainda defendidas pelos soldados ucranianos. No domingo, o Exército declarou que havia repelido o ataque, mas acabou anunciando que estava retirando os militares do local. A decisão de deixar a posição foi tomada depois que seis soldados foram mortos e dezesseis ficaram feridos.
O fracasso é ainda mais significativo porque, em agosto, as tropas também foram retiradas do aeroporto de Lugansk, outra região dominada pelos separatistas apoiados por Moscou.
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O leste do país viveu nesta quinta-feira um dos dias mais sangrentos em nove meses de conflito. Mais de quarenta pessoas, entre civis e militares, morreram em 24 horas nas regiões de Donetsk e Lugansk.
O pior ataque foi um bombardeio contra um ônibus elétrico em um bairro de Donetsk que deixou ao menos treze mortos. Há uma semana, outros doze civis também morreram depois que um ônibus foi bombardeado perto de Volnovakha, 35 km ao sul de Donetsk. Kiev e os rebeldes acusam-se mutuamente de serem os responsáveis pelas mortes.
O Exército ucraniano lamentou também nesta quinta a morte de dez soldados e de um menino de 9 anos em um bombardeio em Mariinka, na região de Donetsk. Enquanto a polícia regional separatista afirmou que oito pessoas morreram em Lugansk.
Rússia – A Otan anunciou nesta quinta ter detectado sinais de envolvimento crescente da Rússia nos combates do leste da Ucrânia. Segundo o principal comandante militar da aliança do Ocidente, o conflito está mais intenso agora do que antes do acordo de cessar-fogo firmado em Minsk, na Bielo-Rússia, em setembro.
Depois de uma reunião dos chefes de Defesa da Otan, o general Philip Breedlove, da Força Aérea americana, comandante aliado supremo da Otan na Europa, declarou que os líderes militares tentarão restabelecer o contato com seus homólogos russos, rompido em meio às tensões em relação à Ucrânia.
“A situação ao longo da linha de contato com a Ucrânia não é boa. Essencialmente, a luta se intensificou para níveis pré-acordo ou pré-trégua, e em alguns casos para além disso”, afirmou Breedlove.
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Após o acordo de trégua, a Otan disse que a Rússia retirou parte dos soldados que estavam na Ucrânia apoiando os separatistas, mas nos últimos dias Kiev afirmou ter havido um novo aumento de forças russas no país.
Apesar disso, o general disse que não pode confirmar a estimativa do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, de que há nove mil soldados russos no leste da Ucrânia. “O que de fato vemos é que as forças apoiadas pela Rússia reforçaram seus recursos para pressionar as forças ucranianas e que moveram a linha de contato para o oeste em vários lugares, e isso é preocupante”, disse.
(Com agências France-Presse e Reuters)