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Região da Moldávia quer seguir os passos da Crimeia

Transnístria faz apelo para que Moscou considere anexá-la

Por Jean-Philip Struck
18 mar 2014, 20h32

Vizinha da Ucrânia, a Moldávia teme ser a próxima vítima do expansionismo russo. Na segunda-feira, o presidente do Parlamento da Transnístria, no leste do país, viajou a Moscou e fez um apelo para que a Duma, o Parlamento russo, autorize a anexação da região, uma faixa de terra menor que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e que possui apenas meio milhão de habitantes. O objetivo da Transnístria é receber o mesmo tratamento dispensado à Crimeia.

Mapa da Transnístria
Mapa da Transnístria (VEJA)

O presidente da Moldávia, Nicolae Timofti, foi logo avisando nesta terça-feira que qualquer movimento da Rússia para anexar a região seria um “passo na direção errada”. À semelhança da Ucrânia, a ex-república soviética da Moldávia também está tentando se afastar da órbita russa e busca uma aproximação com a União Europeia. O país assinou recentemente um acordo político e econômico com o bloco, o mesmo que o governo ucraniano acabou não adotando no ano passado por pressão de Moscou. Evocando os ecos da pressão econômica contra os ucranianos, a Rússia, que deseja recuperar a influência no antigo território soviético, já determinou nas últimas semanas a suspensão da importação de alguns produtos moldávios, alegando que eram de baixa qualidade. Agora, o temor é que a Rússia volte a passar da fase de pressão para a agressão.

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No caso da Transnístria, o movimento separatista já estava bem adiantado antes mesmo da crise da Crimeia. O território, além de ser dominado por políticos pró-Rússia, já funciona como um estado independente da Moldávia, não respondendo às ordens do governo do país desde 1990, quando seus chefes políticos declaram a independência da região sob o pretexto de que a Moldávia buscasse se unir à Romênia.

Embora a independência não seja reconhecida por praticamente nenhum Estado, os habitantes possuem passaportes locais e o território tem sua própria moeda. Fotografias das suas cidades mostram cenários que parecem ter parado na época soviética, com estátuas de Vladimir Lênin enfeitando dezenas de praças.

Apoio – Em 2006, o governo local organizou um referendo para consultar a população sobre o status do território. O resultado, não reconhecido pela comunidade internacional, apontou que 98% da população foi favorável a uma união com Moscou – um percentual mais alto do que o do referendo da Crimeia no último domingo.

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Nas últimas semanas, jornalistas que viajaram à região apontaram que a maioria dos habitantes continua defendendo a integração com a Rússia, mesmo que a anexação não seja tão simples por causa de questões geográficas: a Transnístria se encontra a centenas de quilômetros da Rússia, espremida entre a Moldávia e a Ucrânia. Além disso, a população também não é composta por uma maioria de russos – eles correspondem a apenas 30%.

Há duas décadas a Rússia ajuda a sustentar o governo sediado em Tiraspol, a capital do território, com gás subsidiado e apoio político e financeiro – outra parte do Orçamento é coberta com receitas de contrabando, segundo acusações de governos vizinhos. Moscou, no entanto, nunca chegou ao ponto de reconhecer a independência da Transnístria, preferindo deixar a situação congelada, aplicando a mesma política que por anos também valeu para Abecásia e a Ossétia do Sul, os territórios habitados por russos na Geórgia, até o presidente Vladimir Putin apoiar militarmente a separação deles em 2008 e finalmente reconhecê-los como estados independentes.

Militares – O caso da Transnístria, contudo, guarda uma diferença fundamental em relação à Crimeia. Enquanto a Ucrânia observou impotente tropas russas ocuparem sua península nas últimas semanas, a Moldávia não tem por que temer uma surpresa semelhante – as tropas russas já estão na Transnístria há mais de 20 anos, desde que a região lutou uma breve guerra contra o governo central da Moldávia e solicitou proteção russa.

Segundo cálculos do governo da Moldávia, entre 1200 e 1500 soldados russos permanecem baseados na Transnístria, que ainda contém toneladas de armamentos da era soviética. A contínua presença já provocou protestos da Otan. Já a Corte Europeia dos Direitos Humanos considerou em 2004 que a presença dos militares faz com a que a região seja considerada sob o controle efetivo de Moscou.

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Nos últimos dias, o primeiro-ministro da Moldávia, Iurie Leanca, tem alertado que a crise na Crimeia pode ser um gatilho para que a Moldávia siga o mesmo caminho. “Na Crimeia, a Ucrânia está enfrentando o mesmo problema que a Moldávia tem há 20 anos. (…) Essa situação é uma ameaça à segurança em toda a região e sua evolução vai criar novos problemas.”

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