Suécia quer interrogar Assange em Londres sobre acusações de estupro
Pedido representa uma nova postura da Justiça sueca em relação ao caso. Mudança deve-se à iminente prescrição das acusações imputadas ao fundador do WikiLeaks
A promotoria sueca anunciou nesta sexta-feira que deve propor o envio de um magistrado a Londres para interrogar Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, no caso de duas mulheres que o acusam de estupro. “A promotora Marianne Ny enviou um requerimento aos advogados de Julian Assange para saber se aceitaria depor em Londres e passar por um exame de DNA”, afirma um comunicado. O anúncio representa uma mudança no caso e na posição da Justiça sueca, que até o momento era contrária às demandas de Assange de prestar depoimento em Londres.
Desde junho de 2012, Assange está refugiado na embaixada do Equador da capital britânica para evitar a ordem de prisão que a Grã-Bretanha deseja cumprir caso deixe a representação diplomática. O australiano nega as acusações de estupro de duas suecas, que remontam a 2010, e teme que se viajar para a Suécia será extraditado mais tarde aos Estados Unidos por seu papel na divulgação pelo WikiLeaks de 250.000 telegramas diplomáticos americanos e 500.000 documentos militares secretos.
Leia também
WikiLeaks diz que Google vazou e-mails de sua equipe
Corte da Suécia rejeita pedido de Assange e mantém ordem de prisão
A promotoria afirmou que mudou de posição porque vários fatos atribuídos a Assange prescreverão em agosto de 2015, em menos de seis meses. “Minha posição é que as condições para tomar o depoimento na embaixada de Londres são tais que a qualidade da audiência teria carências. Por isto, deve estar presente na Suécia para um eventual julgamento. Esta posição continua sendo a mesma”, disse Ny. “Mas agora começa a faltar tempo e, por consequência, tenho que aceitar uma perda de qualidade na investigação”, completou.
O advogado de Assange, Per Samuelsson, afirmou ao jornal Aftonbladet que a possibilidade de prestar depoimento em Londres é um primeiro passo para demonstrar a inocência do cliente. “É algo que pedimos há quatro anos. É o caminho a seguir para que seja declarado inocente”, disse o advogado. Samuelsson disse ainda que o fundador do WikiLeaks aceitará a proposta de interrogatório por magistrados suecos na embaixada do Equador em Londres. “Cooperamos com a investigação. Ele aceitará”, disse o advogado, antes de destacar que o cliente está “feliz” com o passo adiante.
(Da redação)