Civis sírios voltam para Homs e encontram cidade destruída
Exército sírio entrou pela primeira vez em dois anos na área antiga da cidade
Milhares de civis sírios retornaram neste sábado para a Cidade Velha de Homs, bastião rebelde que as forças do ditador Bashar Assad retomaram esta semana, e muitos encontraram suas casas destruídas pelos bombardeios e combates.
Na sexta-feira, o exército sírio entrou pela primeira vez em dois anos na área antiga da cidade. “Meu marido encontrou nossa casa destruída. Viemos recuperar nossos pertences”, afirmou Rima Batah, de 37 anos. “A destruição é terrível”, completou, com cinco grandes sacolas nas mãos.
Nawal al-Masri, de 51 anos, com véu e bata pretos, perdeu o ateliê de costura. “Está tudo destruído, todas as máquinas de costura foram roubadas, a geladeira e o gerador de eletricidade”, relatou. “Só encontrei minhas tesouras dentro de uma cesta”.
Quase 2.000 pessoas, em sua maioria rebeldes, deixaram Homs, por um acordo inédito entre os rebeldes e o regime de Assad. O centro da terceira maior cidade da Síria agora está “seguro e totalmente livre de armas e de homens armados”, afirmou o governador de Homs, Talal al-Barazi, segundo a agência oficial Sana.
A câmara de comércio de Homs criou um fundo de ajuda de quase 600.000 dólares para reconstruir o centro da cidade e pede a contribuição de doadores. “Com boas intenções, a cidade velha de Homs será reconstruída em um ano”, afirmou o comerciante Abu Rami Abaibo. “É como se tivesse acontecido um terremoto, que agora acabou”, disse.
Homs, considerada a “capital da revolução”, foi o cenário do início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, que virou uma guerra civil que em três anos provocou mais de 150.000 mortes e deixou 2,6 milhões de refugiados, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Com a saída dos insurgentes do centro histórico da terceira maior cidade da síria, esgotados após dois anos de combates, o regime reforça sua posição na guerra.
Homs é a cidade na qual os insurgentes foram submetidos ao cerco mais prolongado, acompanhado por intensos ataques aéreos, uma tática utilizada pelo governo de Damasco para quebrar sua resistência. De acordo com o OSDH, quase 2.000 pessoas morreram no local em dois anos.
A retomada da cidade é crucial. Homs liga a capital Damasco ao litoral oeste, assim como o norte com o sul do país.
(Com agência France-Presse)