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CIA usou técnicas brutais e ineficientes, diz relatório

Documento do Comitê de Inteligência do Senado americano afirma que a agência de inteligência mentiu sobre as técnicas de tortura usadas depois dos ataques de 11 de setembro

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 21h44 - Publicado em 9 dez 2014, 14h32

Um relatório produzido pelo Comitê de Inteligência do Senado dos Estados Unidos afirma que as práticas de tortura empregadas pela CIA não trouxeram informações relevantes para ajudar o país na luta contra o terrorismo. O documento, que levou cinco anos para ficar pronto e teve como base seis milhões de arquivos internos, constatou que os métodos do serviço secreto eram muito mais brutais do que o público imaginava e do que a administração do presidente George W. Bush tinha conhecimento. De acordo com a senadora Dianne Feinstein, presidente do Comitê de Inteligência, a divulgação do relatório “expõe a brutalidade que contrasta fortemente com nossos valores como uma nação”.

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O documento revelado é apenas uma parte de uma ampla investigação que resultou em mais de 6.000 páginas. A maior parte das descobertas, portanto, continuará mantida em sigilo. Os detalhes revelados, no entanto, apontam que suspeitos eram privados de dormir por quase uma semana e, por vezes, eram coagidos a acreditar que não sairiam vivos dos interrogatórios. As investigações do Senado também indicam que um número maior de suspeitos podem ter sido submetidos à “simulação de afogamento” — a CIA admitiu no passado ter empregado a técnica em três detentos.

Dianne Feinstein destacou durante seu pronunciamento que as técnicas produziram informações de inteligência ruins e falsas. Ela afirmou também que “um número surpreendentemente pequeno de pessoas foi responsabilizado por criar e aplicar este programa”. Uma parte do relatório aponta que, ao tomar conhecimento da morte de um prisioneiro em uma instalação do serviço secreto, a direção da CIA se negou a aplicar qualquer ação disciplinar para não comprometer o objetivo de “extrair todo o tipo de informação operacional” dos detentos.

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O documento de 528 páginas enumera ainda vários casos nos quais oficiais da CIA teriam enganando seus superiores na Casa Branca, membros do Congresso e até os próprios colegas sobre como o programa de interrogatórios estava sendo executado e quais resultados haviam sido alcançados.

Também há referência sobre outros procedimentos, como o uso de tubos para realização de “reidratação e alimentação retal”. Pelo menos cinco detentos foram submetidos à técnica, sem que houvesse comprovação médica de sua necessidade, segundo o relatório.

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Antes de Dianne iniciar sua apresentação do relatório, a Casa Branca divulgou um comunicado classificando as técnicas de interrogatório como “perturbadoras” e salientando que o presidente Barack Obama “baniu a tortura de forma inequívoca quando assumiu a presidência”, em 2009, “porque uma das nossas ferramentas mais efetivas na luta contra o terrorismo e na manutenção da segurança dos americanos é seguir fiel aos nossos ideiais em casa e lá fora”.

Não há referências diretas às atividades da CIA como “tortura”. No entanto, o texto condena o emprego de “técnicas duras” empregadas logo depois do ataque de setembro de 2001. O comunicado fala que os documentos mostram um “programa perturbador envolvendo técnicas avançadas de interrogatório de suspeitos de terrorismo em instalações secretas fora dos Estados Unidos e reforça minha visão de longa data de que esses métodos duros não são apenas inconsistentes com nossos valores como nação, eles não servem aos nossos amplos reforços de contraterrorismo ou aos nossos interesses de segurança nacional (…) É por isso que vou continuar a usar minha autoridade como presidente para garantir que nunca voltemos a usar esses métodos novamente”.

Não ficaram de fora agradecimentos às equipes de inteligência, incluindo o pessoal da CIA, que “trabalharam incansavelmente para devastar o núcleo da Al Qaeda, fazer justiça com Osama bin Laden, desmantelar operações terroristas e impedir ataques”.

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