Santos acusa Uribe por ‘sabotar’ negociações com Farc
Presidente disse que antecessor tem 'dupla moral', por criticar processo de paz depois de manter contatos secretos com a narcoguerrilha quando comandava o país
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, acusou o ex-presidente Álvaro Uribe de ter “dupla moral” por criticar as negociações de paz do governo com os terroristas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e pediu que seu opositor não “sabote” mais o processo. As declarações foram feitas depois que um colunista da revista Semana publicou documentos sobre tentativas do ex-presidente de negociar com a narcoguerrilha para encerrar o conflito no país.
“Essa dupla moral de quem critica o governo por buscar a paz, mas tentou de muitas formas e de maneira continuada consumar as negociações, corresponde a uma contradição realmente lamentável”, disse o presidente, ao final de uma reunião do conselho de ministros, na segunda-feira. O presidente também pediu que governo e oposição discutam o que pode ser feito para que as negociações em andamento “sejam bem-sucedidas para todo mundo”.
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Uribe defendeu-se em mensagens publicadas nas redes sociais, ressaltando que a paz foi buscada, mas com o fim das ações terroristas, “sem negociar a agenda nacional e sem impunidade”. “A diferença entre Santos e nosso governo é que nós submetíamos o terrorismo e Santos se submete a ele”, escreveu o senador do partido Centro Democrático. O ex-presidente também acusou seu sucessor de mentir e de induzir o jornalista a ‘deturpar o conteúdo’ da informação. “O procedimento de comunicação de Santos e Coronell é de delinquentes”.
Na publicação, Daniel Coronell descreveu conversas do governo com Pablo Catatumbo, um dos chefes das Farc que hoje negociam com Santos, realizadas entre 2006 e 2007. Segundo o texto, o governo ofereceu a desmilitarização de quase 900 quilômetros em uma área ao sul da Colômbia. O presidente afirmou que as negociações seriam realizadas no Brasil, que “já tinha dado sinal verde” para o processo.
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O diálogo iniciado em novembro de 2012 pelo governo de Juan Manuel Santos em Havana é a quarta tentativa de encerrar o conflito no país. O processo anterior, comandado pelo presidente Andrés Pastrana, terminou em fracasso. Em seus dois mandatos, Uribe comandou uma bem-sucedida política de segurança, com o apoio dos Estados Unidos e sempre tratando as Farc e outros grupos como organizações criminosas.
O processo atual, que ainda não apresentou resultados concretos, quase custou a reeleição de Santos, que, apesar dos bons resultados na área econômica, teve de enfrentar a desconfiança dos colombianos em relação ao plano de paz.
(Com agência EFE)