Rússia expulsa jornalista americano crítico de Putin
David Satter, ex-correspondente do 'Financial Times' e autor de livros sobre a Rússia e a ex-União Soviética, trabalhava como consultor para rádios
A Rússia expulsou o jornalista e escritor americano David Satter, ex-correspondente em Moscou do jornal britânico Financial Times e um crítico de longa data do presidente russo Vladimir Putin. A revelação foi feita nesta terça-feira pelo próprio jornalista em seu perfil no Twitter. “Como alguns de vocês devem saber, eu fui expulso da Rússia”, escreveu ele no microblog.
Satter, autor de três livros sobre a Rússia e a antiga União Soviética, estava trabalhando desde setembro em Moscou como consultor para as emissoras americanas Rádio Free Europe e Rádio Liberty. O jornalista disse à CNN que tinha ido à capital ucraniana Kiev para trocar seu visto de turismo por um visto de correspondente, quando foi informado de que seu pedido fora rejeitado. Segundo lhe informaram, sua presença na Rússia era “indesejável”. Agora ele está em Londres “até descobrir o que fazer”, informou.
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Em dezembro, depois que atentados terroristas mataram mais de 30 pessoas na cidade russa de Volgogrado, Satter escreveu uma análise para o site da CNN dizendo que os visitantes dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, “estão caminhando para o que efetivamente é uma zona de guerra”. Essa não foi a primeira crítica do jornalista ao governo russo e ele disse que não foi informado sobre o motivo exato que levou a Rússia a expulsá-lo.
“Eu sempre fui crítico do regime de Putin. Isso não é novidade”, disse Satter. “Pode ser que, por razões próprias, eles finalmente descobriram que minhas críticas são acima do nível tolerado. Mas há realmente muita coisa para criticar, por isso, se alguém quiser trabalhar honestamente como jornalista na Rússia, tem de ser crítico”, completou.
O balneário de Sochi, no Mar Negro, fica próximo à região do Cáucaso, no Sudoeste da Rússia, área onde insurgentes desejam estabelecer um Estado islâmico. Em dezembro dois ataques terroristas em Volgogrado, cidade mais importante na região do Cáucaso, mataram 34 pessoas e feriram mais de 40. Após os atentados, a Rússia ampliou a segurança preventiva em áreas consideradas sensíveis.