Rumores apontam até irmã mais nova de Kim Jong-un como substituta

A ausência de Kim Jong-un ao evento de aniversário do Partido Comunista, nesta sexta-feira, aumentou o mistério – e as teorias – sobre o sumiço do ditador, que não aparece em público há mais de um mês. Os rumores agora apontam para a possibilidade de Kim Yo-jong, irmã mais nova do tirano, estar comandando a Coreia do Norte.

A mulher de 27 anos de idade já apareceu ao lado do irmão de 31 anos em várias fotos oficiais – vale a ressalva de que nem mesmo a idade dos integrantes da dinastia que comanda o regime há décadas é uma informação pública na Coreia do Norte.

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Apresentada em março como membro do comitê central do partido único, seria uma das poucas figuras femininas de destaque no país, ao lado da mulher de Kim, a ex-cantora Ri Sol-ju. O sumiço do ditador alimentou especulações de que ela tenha assumido algumas ou todas as tarefas do irmão mais velho, que pode estar se recuperando de um “incômodo”, como definiu a imprensa estatal norte-coreana.

“Se Kim foi de fato colocado de lado – e ninguém fora de Pyongyang sabe realmente se isso ocorreu – então quem quer que tenha assumido o poder não está buscando os holofotes”, disse ao jornal The Guardian John Everard, que já foi o representante britânico em Pyongyang. “Na condição de mulher em uma sociedade dominada por homens, ela pode estar relutando em aparecer em público de imediato, preferindo, em vez disso, esperar enquanto governa dos bastidores”, acrescentou.

O diplomata vê a irmã mais no papel de conselheira do que de liderança, pela forma como outros membros da família Kim atuaram no regime anteriormente. Kim Sul-song, irmã mais velha do ditador, ocupou um papel central no departamento de propaganda quando o pai estava no poder. A tia, Kim Kyong-hui, tinha influência similar até seu marido e antigo mentor de Kim Jong-un, Jang Song Thaek, cair em desgraça no ano passado e ser executado.

Hospital – O país mais fechado do mundo não faz muito para esclarecer o mistério em torno do sumiço de Kim Jong-un. As primeiras suspeitas estavam relacionadas ao estado de saúde do ditador. No final de setembro, uma agência de notícias sul-coreana publicou que ele sofre de gota, doença que causa inflamação nas articulações e compromete os movimentos. Pouco depois foi divulgado que ele havia sido submetido a cirurgias nos tornozelos. Em um documentário veiculado no final de setembro, o tirano aparecia mancando em uma visita a uma fábrica.

Nesta sexta, o ministro da Defesa da Coreia do Sul disse a jornalistas que há motivos para crer que Kim Jong-un esteja recluso em uma de suas casas, perto de um hospital exclusivo em Pyongyang, destinado a altos representantes do partido, informou a rede americana CNN. Não se sabe exatamente por que Kim teria tido a preocupação de ficar perto do hospital.

Citando uma fonte próxima ao regime norte-coreano, a agência Reuters afirmou que Kim continua controlando o regime, apenas se recupera de uma lesão na perna durante uma inspeção militar. “Ele ordenou a todos os generais que tomassem parte nos exercícios e ele também participou”, disse a fonte, que não foi identificada. “Eles estavam se arrastando, correndo e rolando, e ele distendeu um tendão. Lesionou o tornozelo e o joelho entre o final de agosto e o início de setembro durante um exercício porque está acima do peso. No início, ele apareceu mancando, mas a lesão piorou”.

Membros da administração Obama têm minimizado o sumiço do tirano norte-coreano dizendo não haver indicações de que ele tenha sido tirado do poder ou esteja com um problema de saúde sério. “Ele está acima do peso, fuma e bebe muito e não faz nenhum exercício. Pode não estar em boa forma, mas não há indicação de um problema grave em termos de saúde ou estabilidade”, disse um funcionário que não foi identificado pela emissora. As fontes do governo admitem, no entanto, que são poucas as informações disponíveis.