Republicanos e democratas fecham acordo sobre pacto nuclear iraniano
A Casa Branca indicou que o presidente Barack Obama vai concordar com as medidas do projeto bipartidário
O Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos alcançou nesta terça-feira um acordo bipartidário que obrigará a administração do presidente Barack Obama a enviar a versão final do acordo nuclear com o Irã para revisão do Congresso antes de sua implementação efetiva. O projeto de lei já foi votado pelo comitê e acabou aprovado de forma unânime.
Embora Obama não esteja “particularmente entusiasmado” com a legislação, conforme assinalou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, ele tende a concordar com o projeto por considerar as medidas mais aceitáveis do que as propostas apresentadas anteriormente pela maioria republicana que domina tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados.
O acordo desta terça foi firmado após uma reunião entre o republicano Bob Corker, presidente do Comitê de Relações Exteriores, e o senador Ben Cardin, o democrata mais influente no Comitê. O jornal The New York Times pontua que, mesmo sob a forte objeção da Casa Branca, o Congresso de maioria republicana conseguirá exercer a influência desejada e interferir nas negociações por um acordo nuclear com o Irã mantidas pelo Grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China -, além da Alemanha). Após seguidos fracassos na política externa americana, entre os quais se destacam a guerra civil da Síria e os conflitos armados no leste da Ucrânia, Obama considera que um desfecho positivo para as conversas seria o maior legado que sua administração poderia deixar até 2016.
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Para que houvesse um consenso entre republicanos e democratas, medidas consideradas controversas foram deixadas de lado por senadores. Marco Rubio, que se candidatou à corrida presidencial na segunda-feira, chegou a abandonar uma emenda que obrigaria o Irã a reconhecer o Estado de Israel para que o acordo nuclear fosse firmado. Os termos aprovados, segundo a CNN, darão ao Legislativo 30 dias para fornecer seu parecer sobre o pacto, sendo que o prazo poderá ser estendido por mais 22 dias dependendo da forma como ocorrer a tramitação do acordo nas instâncias políticas americanas. Durante o período de revisão do Congresso, Obama não poderá aliviar as sanções econômicas impostas pelo Congresso ao Irã. Teerã havia afirmado há alguns dias que a assinatura de um acordo final estaria condicionada à retirada imediata das sanções.
“Alcançamos um equilíbrio justo e exato”, afirmou Corker à rede CNN. O projeto, no entanto, poderá impor novas adversidades para os negociadores que tentam chegar a um desfecho positivo com o Irã. Tanto que o secretário de Estado americano, John Kerry, esteve durante a manhã no Capitólio para informar os legisladores sobre o acordo preliminar alcançado em Lausanne, na Suíça, e pedir para que o Legislativo cesse as tentativas de criar objeções ao pacto.
Com a aprovação no Senado, o projeto passará para a Câmara dos Deputados e não deverá encontrar nenhuma resistência até ser aprovado. Ao site Politico, o presidente da Casa, John Boehner, garantiu que agirá rápido para passar a legislação por considerar que o Congresso “deve ter a oportunidade” de revisar qualquer acordo final.
(Da redação)