Republicanos obstruem votação de indicado ao Pentágono
Chuck Hagel foi nomeado pelo presidente Obama para o cargo de secretário da Defesa. Votação deverá ser retomada no final deste mês
A maioria democrata no Senado americano não conseguiu impedir o adiamento da votação para confirmar o ex-senador Chuck Hagel como secretário de Defesa. Os republicanos alegaram que os democratas estavam tentando apressar uma indicação que precisa de mais tempo para ser considerada. Esta é a primeira vez que um nomeado para o comando do Pentágono enfrenta uma obstrução legislativa, segundo o jornal The Washington Post.
Nesta quinta-feira, os 55 senadores democratas não conseguiram convencer ao menos cinco republicanos para obter os sessenta votos necessários – de um total de 100 – para superar a obstrução. Os republicanos afirmam que a votação poderá ser realizada a partir da semana do dia 25, quando o Senado voltará de um período de uma semana de recesso.
Os democratas ressaltaram a inédita obstrução para um cargo da área de segurança nacional que tradicionalmente é preenchido a partir do apoio dos dois partidos. Para eles, o adiamento foi uma tática para ganhar mais tempo para questionar o indicado. Os democratas afirmam que a oposição nunca estará satisfeita com as informações disponibilizadas sobre Hagel – os republicanos querem analisar dados sobre a renda do ex-colega desde 2008, por suspeitarem que ele recebeu dinheiro de organizações radicais ou anti-israelenses.
O revés ocorre em um período crítico para o Pentágono, com a retirada das tropas do Afeganistão e cortes orçamentários. A expectativa, no entanto, é que muitos republicanos que nesta quarta-feira votaram contra o ex-colega mudarão de ideia na segunda rodada.
“Os republicanos fizeram uma escolha infeliz de aumentar o nível de obstrução em Washington”, disse o líder da maioria, o democrata Harry Reid, segundo o jornal The New York Times. O senador por Nevada disse que planeja ligar para Hagel e dizer: “Sinto muito pelo presidente, sinto muito pelo país e sinto muito por você. Mas nós não vamos desistir”.
Republicano – Hagel, de 66 anos, é veterano da Guerra do Vietnã e foi senador por Nebraska. Sua aproximação com Obama, então senador por Illinois, teria sido intensificada em 2008, quando os dois viajaram ao Afeganistão. A atitude contestadora de Hagel levanta questionamentos entre os ex-colegas republicanos – o partido já contestou o comprometimento do indicado com a posição dos Estados Unidos em relação a Israel e ao Irã. Isso porque Hagel já criticou o lobby pró-Israel no Congresso e se opôs a sanções a Teerã.
No final de janeiro, durante uma sabatina na Comissão de Forças Armadas do Senado, Hagel defendeu que os Estados Unidos utilizem todas as ferramentas ao seu alcance para proteger seu povo e se manter como a maior força militar do mundo.
Também disse estar totalmente comprometido com “o objetivo do presidente de prevenir que o governo iraniano obtenha uma arma nuclear”. “Para isso, todas as opções devem estar sobre a mesa”, sustentou. Também prometeu trabalhar ao lado de Israel e seus aliados e destacou que apoia o sistema de proteção antimísseis Domo de Ferro.
Se confirmado no cargo, Hagel substituirá Leon Panetta no comando do Pentágono.
(Com agência France-Presse)