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Reeleição de Obama é mais importante para a Rio+20 do que sua visita, diz negociador chefe do Brasil

No Rio, embaixador André Aranha Corrêa do Lago afirma que manutenção da postura de diálogo dos EUA com as nações é vital para a conferência

Por Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
11 abr 2012, 12h34

“A presença do Obama seria bem-vinda. Mas não há analista que não saiba que o presidente dos EUA tem prioridade em tratar da sua reeleição. A reeleição de Obama pode ter um impacto muito grande. Muito mais impactante para a Rio+20 do que a sua vinda”, afirmou Corrêa do Lago

Para o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, negociador chefe do Brasil na Rio+20, a reeleição de Barack Obama nos Estados Unidos é mais importante para o sucesso da conferência do que a presença do presidente norte-americano no Rio entre os dias 20 e 22 de junho. Obama não confirmou presença na cúpula mesmo após convite da presidente Dilma Rousseff feito pessoalmente nesta terça-feira, nos Estados Unidos.

“A presença do Obama seria bem-vinda. Mas não há analista que não saiba que o presidente dos EUA tem prioridade em tratar da sua reeleição. A reeleição de Obama pode ter um impacto muito grande. Muito mais impactante para a Rio+20 do que a sua vinda”, afirmou Corrêa do Lago, em entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta-feira, no Rio.

Para o embaixador, o governo democrata liderado por Obama preza pelo diálogo com as nações, o que contribui para os fóruns da ONU, como a Rio+20. “O multilateralismo é mais favorável ao seguimento das decisões da Rio+20”, disse. Apesar de estar presente na Rio 92, o presidente norte-americano George Bush (pai) não aderiu a propostas importantes, como a Convenção da ONU sobre Biodiversidade.

Corrêa Lago utilizou a posição atual do Canadá para ilustrar as barreiras causadas por medidas unilaterais. “São questões internas. O Canadá está com um governo que não só anunciou sua saída do protocolo de Kyoto como disse que não vai cumprir os compromissos acertados. São questões internas que temos que aceitar. Há governos mais favoráveis ao mutilateralismo do que outros. Não é uma opinião minha, é uma questão muito clara”, afirmou.

A partir desta quinta-feira, o Brasil vai receber, no Rio, 45 negociadores chefes de países que estão atuando nas discussões da Rio+20 para reuniões a porta fechadas que ocorrerão até a sexta-feira. Segundo o negociador-chefe do Brasil, o objetivo dos encontros secretos é quebrar a desconfiança dos países em relação aos temas da declaração final da conferência. “É um processo complexo. Há muitas divergências. Alguns países acham, por exemplo, que vão ser reavaliados os processos definidos na Rio 92. Isso não vai acontecer. Por isso estamos reunindo 45 negociadores chefes de países e grupos como EUA, União Européia, China, Japão, Argentina”, afirmou.

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“A discussão é fechada porque durante as negociações formais os países declaram suas posições e elas são públicas. De portas fechadas, podemos esclarecer melhor as posições e tentar caminhar em busca de um consenso”, disse o embaixador.

Minuta Zero – Sobre a segunda etapa de negociações para a Rio+20, encerrada no último dia 27 em Nova York, Corrêa do Lago afirmou que o documento inicial para a declaração da Rio+20 – a Minuta Zero -, que continha 20 páginas, agora tem 200 páginas. Foram acrescentadas emendas e sugestões de diversos países. O embaixador explicou que o documento deve voltar a diminuir de volume a partir do momento em que as decisões consensuais forem tomadas.

O embaixador voltou a destacar a necessidade de fortalecer os três pilares do desenvolvimento sustentável, que englobam os fatores econômicos, sociais e ambientais. Segundo ele, a União Europeia e países como o Japão tendem a dar valor somente ao aspecto ambiental e deixam de compreender as necessidades econômicas e sociais dos países em desenvolvimento.

“Está faltando uma concentração sobre o que os países devem fazer eles próprios. Há uma tendência de os países sempre terem uma opinião sobre o que os outros têm que fazer e uma opinião muito menos forte sobre o que eles mesmos têm que fazer”, afirmou.

O embaixador brasileiro acredita que há uma percepção errada de que os países desenvolvidos são “mais bem comportados” do ponto de vista ambiental. “O Brasil tem uma matriz energética de 46% de recursos renováveis. Ouvimos vários conselhos de países desenvolvidos de como nós devemos crescer. O Reino Unido, por exemplo, tem menos de 3% de energia renovável em sua matriz energética. Tudo bem que tenham uma opinião sobre o que a gente tem que fazer, mas a gente também tem opinião sobre o que o Reino Unido. É um país que tem muito dever de casa para fazer”.

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Para a Rio+20, o Brasil atua no âmbito do grupo G-77+China, que hoje contém 139 países considerados em desenvolvimento mais a China. Segundo Corrêa do Lago, apesar de o grupo ser muito assimétrico, com países com vastas diferenças não só políticas como culturais, como Brasil, China, Arábia Saudita e Bangladesh, os consensos conseguidos pelo G-77 têm peso nos posicionamentos para a conferência. “Uma vez acordado dentro do grupo, é muito difícil que o tema não consiga avançar ou que deixe de ter uma gigantesca influência”, disse.

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