Rebeldes sírios capturam uma base militar no leste do país
Mais de 40.000 morreram em 20 meses de confronto entre regime e opositores
Os rebeldes sírios capturaram nesta quinta-feira uma base de artilharia do Exército na província produtora de petróleo Deir al-Zor, no leste do país, enfraquecendo o controle do ditador Bashar Assad na estratégica região que faz fronteira com o Iraque, informaram fontes da oposição.
“A base militar de Mayadeen caiu às 8h30 (4h30 do horário de Brasília)”, disse o membro do Conselho Revolucionário Militar da província, Abu Laila. Segundo ele, 44 combatentes rebeldes foram mortos durante o cerco à base. “Todo o interior, desde a fronteira iraquiana, e ao longo do Eufrates, até a cidade de Deir al-Zor, está sob controle dos rebeldes.”
A captura da base segue a de um aeroporto militar 80 quilômetros a sudeste da fronteira iraquiana na semana passada. Rebeldes invadiram diversas bases no norte e no centro do país, indicando uma crescente força militar. Porém, nenhuma grande cidade está nas mãos da oposição, e o poder aéreo de Assad garante que o domínio dos rebeldes em muitas partes do país continue tênue. Tentativas de unificar o comando rebelde tiveram pouco progresso.
O líder tribal da província, Sheikh Nawaf Bashir, disse que a queda de Mayadeen deixa Assad com três grandes bases militares restantes sob seu controle na região. A estrada principal para o Iraque, desde a periferia da cidade até a travessia da fronteira em Albu Kamal, está agora sob domínio dos rebeldes, disse.
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Mortes – A violência na Síria já deixou mais de 40.000 mortos, em sua maioria civis, desde o começo dos protestos contra o regime de Bashar Assad há 20 meses, informou nesta quinta-feira o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). O OSDH é uma organização não governamental com sede na Grã-Bretanha e que baseia seus dados nas informações transmitidas por uma rede de militantes e fontes médicas de hospitais civis e militares na Síria.
Ao menos 28.026 civis morreram desde 15 de março de 2011, segundo a ONG, que considera civis mesmo aqueles que decidiram empunhar armas contra as tropas do regime. O número de soldados mortos chegou a 10.150 e o de desertores a 1.379. “Temos que levar em conta outros 574 mortos cujas identidades não foram estabelecidas”, explicou o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman, o que elevaria o número de mortos a 40.129.
Essas contas, porém, não levam em consideração as milhares de pessoas desaparecidas, nem a maioria dos mortos entre os “shabihas” (militantes do regime). A brutal repressão do regime ao movimento de protesto popular desencadeou uma guerra civil. Os combates entre rebeldes e soldados e os bombardeios aéreos e com artilharia das tropas leais deixam dezenas de mortos todos os dias.
No fim de outubro, o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, propôs uma trégua por ocasião da festa muçulmana do Aid al-Adha, que não foi respeitada. A comunidade internacional, profundamente dividida, não consegue encontrar uma solução para o conflito.
(Com agências Reuters e France-Presse)