Putin considerou alerta nuclear para garantir anexação da Crimeia
Em um documentário exibido em TV estatal, o presidente voltou a afirmar que a península é parte da Rússia e disse que estava pronto para defender os russos que lá vivem
A Rússia estava pronta para colocar seu arsenal nuclear em estado de alerta para garantir a anexação da península da Crimeia, em março passado, disse neste domingo o presidente russo, Vladimir Putin, em documentário transmitido pela rede de TV estatal russa. Putin disse também que começou a planejar a operação russa na Crimeia depois que o presidente ucraniano deposto, Viktor Yanukovich, deixou Kiev.
“Nunca pensamos em separar a Crimeia da Ucrânia até o momento em que aqueles eventos tiveram início, a derrubada do governo”, disse Putin, reiterando que Yanukovich foi vítima de um golpe. “Estávamos prontos para fazer isso”, afirmou o presidente russo sobre colocar o arsenal nuclear em estado de alerta. “A Crimeia é nosso território histórico. Russos vivem lá e estavam em perigo. Não podíamos abandoná-los”.
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Segundo o presidente russo, uma pesquisa de opinião mostrou que 75% da população da Crimeia desejavam se juntar à Rússia. Ele não explicou, no entanto, como a pesquisa foi conduzida. Inicialmente, a Rússia negou que as tropas que tomaram o controle da península fossem do país, mas Putin admitiu mais tarde que os soldados eram russos. No documentário transmitido neste domingo, o presidente russo afirmou que ordenou o ministério de Defesa a enviar agentes do serviço de inteligência, fuzileiros navais e tropas de paraquedistas à região, sob o pretexto de aumentar a segurança das instalações militares russas.
Sumiço suspeito – Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, evitou comentar uma reportagem do canal de TV independente Dozhd neste domingo informando que o presidente da Rússia não esteve em Moscou nos últimos dias. Putin, que não é visto em público ou ao vivo na TV por mais de uma semana, adiou uma reunião com os líderes do Cazaquistão e Belarus na semana passada.
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Fontes disseram ao Dozhd que o presidente estava na sua casa no Lago Valdai na província de Novgorod. Uma autoridade do governo do Cazaquistão, falando sob condição de anonimato, disse à agência Reuters que Putin pode ter cancelado a reunião por causa de doença. Em declaração a mesma agência, no entanto, Peskov garantiu que o presidente de 62 anos está com boa saúde. Uma licença paternidade foi outra hipótese que circulou na imprensa sobre o sumiço de Putin. Um jornal suíço divulgou que ele teria viajado a Lugano para acompanhar o parto de sua namorada, a ex-ginasta e agora deputada Alina Kabayeva. Como nem mesmo o relacionamento entre os dois é oficial, o Kremlin, obviamente, negou o relato.
(Da redação)