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Putin amplia controle sobre imprensa e dissolve agência de notícias

O presidente russo determinou que a estatal RIA Novosti deverá ser substituída por uma empresa cujos objetivos editoriais remetem à União Soviética

Por Da Redação
10 dez 2013, 06h28

O presidente russo Vladimir Putin anunciou nesta segunda-feira a dissolução da agência de notícias estatal RIA Novosti, que será substituída em até duas semanas por uma empresa chamada Rossiya Segodnya. De acordo com o gabinete do governo, as mudanças têm o objetivo de poupar dinheiro público e melhorar o jornalismo praticado pela agência estatal. Mas, na verdade, Putin acaba de consolidar mais uma manobra para exercer maior controle sobre a imprensa. A nova organização será elaborada nos mesmos moldes da ANP, o principal veículo de imprensa da antiga União Soviética, cuja finalidade era exaltar uma visão estereotipada da cultura do país para maquiar os crimes cometidos pela ditadura de Joseph Stalin.

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“A medida é mais uma tomada dentre uma série de outras mudanças nos veículos de notícias russos que sinalizam para um controle estatal ainda maior no setor de mídia, que já se mostra altamente controlado pelo estado”, disse a RIA, por meio de um comunicado em inglês. Embora a maior parte da imprensa russa seja leal a Putin, a RIA havia adotado nos últimos anos uma visão mais parcial dos fatos. Segundo a rede BBC, a empresa contava com diversos clientes no exterior e começou a praticar um jornalismo mais neutro para não perder credibilidade diante dos veículos que dependiam do seu noticiário. A medida, no entanto, teria enfurecido Putin.

Com o desejo de transformar qualquer meio de comunicação em um canal de propaganda oficial do Kremlin, Putin delegou a um fiel escudeiro a direção da nova agência de notícias. Dmitry Kiselyov, um âncora ultraconservador, será o responsável por administrar a empresa. “A principal função da Rossiya Segodnya é mostrar o exterior a política de estado e a vida pública na Federação Russa”, diz um decreto assinado pelo próprio presidente. A julgar pelo papel que Kiselyov desempenhará no meio de comunicação, o viés oficioso do Kremlin estará garantido em todo o noticiário.

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Favorável à política anti-homossexuais que Putin instaurou na Rússia, Kiselyov chegou a defender em um programa de televisão que gays deveriam ser proibidos de doar sangue ou esperma. No ano passado, o jornalista reforçou o seu posicionamento, alegando que os homossexuais também não poderiam ser autorizados a doar órgãos. Nas palavras do âncora, “o coração dos gays deveria ser queimado ao invés de ser disponibilizado para transplantes”.

A RIA Novosti havia sido criada sob o nome de Centro de Informações Soviéticas, após tropas alemãs nazistas invadirem a União Soviética, em 1941. O Kremlin, por sua vez, estendeu o controle sobre as transmissões de rádio e televisão em 26 de novembro deste ano, quando a empresa estatal Gazprom – especializada em extrair petróleo do Ártico e alvo de um protesto recente do Greenpeace – adquiriu o grupo Profmedia. Através do acordo, o ex-ministério soviético dos Combustíveis ganhou o direito de administrar emissoras de televisão, estações de rádio, cinemas, produtoras e distribuidoras de filmes.

O governo também mantém outra emissora de televisão com conteúdo em inglês chamada Russia Today. Não ficou claro se a Rossiya Segodnya atuará em conjunto com a emissora.

(Com agência Reuters)

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