Presidente do Irã pede que clérigos sejam mais tolerantes com a internet

O presidente do Irã Hassan Rohani pediu aos clérigos do país que sejam mais tolerantes com a internet e outras tecnologias digitais. Em discurso transmitido pela televisão iraniana, Rohani defendeu como vital o acesso das novas gerações à internet para que possam se conectar ao mundo da ciência. “No mundo de hoje, aqueles que não têm acesso à internet não podem ser chamados de expert ou mesmo de estudante. Não podemos fechar as portas do mundo para a nova geração”, disse.

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Entre 2009 e 2010, em meio a uma onda de protestos que sacudiu o país e resultou na morte de dezenas de manifestantes, o regime linha-dura impôs uma pesada censura na internet que resultou no bloqueio a redes sociais como o Facebook e o Twitter, além do YouTube. Para tentar fugir ao controle, muitos jovens no Irã usam servidores hospedados no exterior. Na última semana, o clérigo Makarem Shirazi reafirmou a posição linha-dura, classificando a internet móvel de “imoral e ilegal”.

Rohani, considerado mais moderado que seus sucessores, foi eleito em 2013 com apoio de uma parcela da população que espera mudanças no país. Ele já defendeu o afrouxamento de algumas regras que permitam a expansão da internet e da imprensa, mas tem enfrentado a oposição dos clérigos linha-dura, que são contra até mesmo à implantação de uma rede 3G na telefonia celular do Irã, argumentando que ela vai facilitar a disseminação de “imagens imorais”. Ainda assim, nas últimas semanas três empresas de telefonia foram autorizadas a oferecer serviços 3G no país.

No Irã, as decisões finais sobre as principais políticas estão nas mãos dos aiatolás, limitando a ação de Rohani ao discurso. “Se não adotarmos a nova geração de celulares hoje e resistirmos, teremos de fazer isso amanhã. E se ainda não o fizermos, teremos de fazer depois de amanhã”, ressaltou.