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Por que as monarquias do Golfo se recusam a receber refugiados?

Estados árabes estão entre os que mais deram armas para os grupos que lutam contra Bashar Assad na Síria. Agora, são acusados de não acolherem os refugiados desse país e do Iraque

Por Da Redação
12 set 2015, 11h42

A Arábia Saudita declarou hoje que já recebeu 2,5 milhões de refugiados sírios desde o início do conflito em 2011 e já enviou 700 milhões de dólares para ajudá-los. A afirmação, que dificilmente pode ser comprovada já que a monarquia é muito fechada, foi uma resposta às acusações de que os ricos países do Golfo não estariam fazendo o suficiente para auxiliar os que tiveram de sair de seus países por causa da guerra. Casos de refugiados que se deslocam para os ricos Estados árabes têm sido muito raros.

Oficialmente, os sírios podem se candidatar para um visto de turismo ou permissão de trabalho para entrar em qualquer um dos países do Golfo. Mas esse processo é caro e há uma percepção generalizada de que muitos dos países mantêm restrições não formais que, na prática, dificultam a concessão de um visto.

A maior parte dos casos bem-sucedidos é de estrangeiros estendendo suas estadias ou de solicitantes que têm familiares nesses países. A Arábia Saudita e seus vizinhos temem que refugiados e imigrantes reduzam as ofertas de emprego para seus cidadãos e também se preocupam com a infiltração de grupos terroristas. O paradoxo nessa história é que muitos desses grupos foram financiados e receberam armas e munições dos países do Golfo.

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Como recentemente apontou a Anistia Internacional, os “seis países do Golfo – Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait, Omã e Bahrein – não ofereceram nenhum lugar de reassentamento para os refugiados sírios”. A ausência de programas humanitários das nações do Golfo ficou mais evidente quando o governo da Alemanha e de outros países europeus passaram a abrir suas fronteiras e receber os refugiados. Quando há quase cinco anos começaram as manifestações da Primavera Árabe na Síria, Líbia, Tunísia, Egito, Iêmen, as nações do Golfo Pérsico também fecharam suas fronteiras para aqueles que fugiam da guerra. Nenhum desses países é signatário da Convenção de Refugiados das Nações Unidas, de 1951, que define o que é um refugiado, quais são seus direitos, assim como as obrigações dos Estados em relação a essas pessoas.

É uma situação bastante controversa, devido principalmente à relativa proximidade desses países com a Síria e Iraque, assim como a grande quantidade de recursos disponíveis para acolher esses imigrantes. E essa é justamente a justificativa das ditaduras do Golfo, apoiadas pelo ocidente por seus interesses petrolíferos, que além de afirmarem que a maior parte da sua população já é constituída por imigrantes, argumentam que a adaptação dos refugiados seria difícil em uma sociedade de alto nível econômico. Insistem que já auxiliam na contenção da crise com quantias em dinheiro, que ajudam a manter os campos de refugiados da Jordânia e Turquia e que cumprem com suas obrigações humanitárias.

Mas o esforço oferecido atualmente ainda parece pouco. Aos refugiados sírios foi destinado 1 bilhão de dólares (3,8 bilhões de reais) em doações coletivas – os Estados Unidos doaram quatro vezes essa quantia. O interesse parece ainda menor quando comparado ao montante investido pela Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos na guerra do Iêmen.

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Nas redes sociais, muitos usuários pedem ações dos países do Golfi. A hashtag #Welcoming_Syria’s_refugees_is_a_Gulf_duty foi compartilhada no Twitter mais de 33.000 vezes na última semana, de acordo com a BBC. Internautas também postaram imagens emocionantes em suas páginas, para ilustrar a caótica crise. Fotos de pessoas se afogando no mar, crianças sendo passadas por baixo de cercas de arame farpado ou famílias dormindo no chão áspero rodaram a internet nessa tentativa de protesto contra a indiferença e falta de vontade política dos países árabes.

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(Da redação)

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