Pelo menos 200 civis já morreram em bombardeios russos na Síria
Um relatório da organização Anistia Internacional acusa Moscou de crimes de guerra
Pelo menos 200 civis foram mortos pelos bombardeios russos na Síria, apontou um relatório da Anistia Internacional. A organização de direitos humanos acusou a Rússia de usar poderosas munições e bombas não direcionadas em áreas povoadas por civis de forma discriminada, o que pode ser considerado crime de guerra.
O relatório da Anistia Internacional afirma que houve um grande aumento no número de ataques russos com as chamadas bombas de cacho, que em geral atingem áreas de forma indiscriminada e muitas vezes deixa parte de explosivos não detonados no chão, o que representa um risco para civis mesmo após o fim dos conflitos.
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Segundo o diretor da organização no Oriente Médio e no norte da África, Philip Luther, alguns dos ataques aéreos russos aparentemente tiveram como alvos civis, em áreas residenciais sem qualquer alvo militar evidente. O documento da Anistia destaca seis ataques nas províncias de Homs, Idlib e Alepo, entre setembro e novembro, que mataram pelo menos 200 civis. A ONG denuncia também o “fracasso vergonhoso” da Rússia na admissão de que morreram civis.
Na semana passada, outra organização não governamental, o Human Rights Watch, denunciou o uso de bombas de cacho em pelo menos 20 ocasiões desde que as forças oficiais da Síria e da Rússia começaram uma ofensiva conjunta, em 30 de setembro.
Autoridades russas têm negado as acusações das organizações internacionais e moradores e ativistas da oposição que vivem Síria dizem que não têm como saber ao certo se os ataques são de militares russos ou sírios. Questionado na segunda-feira se a Rússia usava bombas de cacho, o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse apenas que os militares russos na Síria operam respeitando a legislação internacional.
O governo da Rússia afirma que os ataques aéreos têm como alvo o Estado Islâmico e outros “terroristas”, mas governos do Ocidente e rebeldes sírios dizem que a maioria dos ataques tem como alvo o centro e o norte da Síria, onde o EI não tem presença forte.
(Com Estadão Conteúdo)