Paquistão executa homem condenado à pena de morte aos 15 anos
Segundo grupos de direitos humanos, ele teria confessado o assassinato de três pessoas sob tortura
O Paquistão executou nesta quarta-feira um homem condenado à pena de morte aos 15 anos de idade por assassinato. Segundo grupos internacionais de direitos humanos, o adolescente teria confessado o crime sob tortura.
Aftab Bahadur, de 37 anos, foi enforcado na cidade de Lahore, na província de Panjabe, no leste do Paquistão, sob protestos de ativistas de direitos humanos e líderes religiosos. Em 1992, o jovem Bahadur confessou ter matado uma mulher e duas crianças durante uma tentativa de assalto. À época, outro homem também foi condenado pelos assassinatos, mas sua execução foi cancelada depois que a família das vítimas o perdoou, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
Um oficial que acompanhou a execução disse que Bahadur protestou até o último instante. “Com lágrimas nos olhos, ele pedia misericórdia e repetia sem parar que era inocente”, disse ele à publicação britânica.
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Esta semana, o grupo Reprieve, que organiza campanhas contra a pena de morte, afirmou que duas testemunhas do caso voltaram atrás e disseram que Bahadur era inocente. Eles também teriam sido vítimas de tortura para prestar os depoimentos. Maya Foa, do grupo Reprive, declarou que a execução de Bahadur é “um dia vergonhoso para o sistema judiciário do Paquistão”.
A idade de Bahadur também motivou os protestos contra sua execução. A legislação paquistanesa só autoriza pena de morte para maiores de 18 anos, mas a lei só foi aprovada em 2000, oito anos após a condenação do jovem – antes, não havia limite de idade.
Sequência de execuções – A morte de Bahadur é a mais recente de uma série de 150 execuções realizadas no Paquistão desde dezembro. A princípio, as autoridades paquistanesas limitaram a pena capital a terroristas condenados, mas passaram a incluir todos os tipos de prisioneiros no corredor da morte. Nesta quarta-feira, a Suprema Corte do Paquistão rejeitou o pedido de apelação de outro condenado à morte, reporta o jornal americano New York Times (NYT).
Segundo um grupo de direitos humanos, Shafqat Hussain também teria confessado um assassinato depois de ser brutalmente torturado pelos policiais. Eles argumentam ainda que Hussain tinha menos de 18 anos quando foi condenado, mas a Corte alega que o fato não foi trazido à tona pelos advogados de defesa durante o julgamento, de acordo com o NYT.
(Da redação)