Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Os desafios de Felipe VI, novo rei da Espanha

Herdeiro de Juan Carlos tem a tarefa de recuperar prestígio da monarquia

Por Da Redação
19 jun 2014, 10h01

Para quem esperava uma cerimônia suntuosa, a solenidade em que Felipe Juan Pablo Alfonso de Todos los Santos de Borbón y Grecia, o príncipe de Astúrias, tornou-se oficialmente o rei Felipe VI pode ter sido um pouco frustrante. Nenhuma família real europeia ou líder estrangeiro recebeu convite para a cerimônia em Madri. A proclamação enxuta reflete o contexto em que o novo monarca assume o trono, com grandes desafios pela frente.

Aos 46 anos, o novo rei assume em meio a uma persistente onda de indignação e desencanto com as instituições, que os espanhóis culpam pelos problemas econômicos do país. Pesquisa publicada pelo jornal El País depois do anúncio da abdicação de Juan Carlos mostrou o mais baixo nível de aprovação da monarquia no país. É nesse ambiente que Felipe terá de se mostrar conciliador para tentar restaurar o prestígio da monarquia. “Vamos ver se Felipe pode de alguma forma atuar como moderador e formador de consensos no que se tornou uma situação política e social muito tensa”, disse ao jornal The New York Times o historiador Santos Juliá.

Leia também:

Juan Carlos manterá título de rei e deve ganhar imunidade

Letizia Ortiz, de jornalista a rainha da Espanha

Continua após a publicidade

Rainha da Espanha vira ‘assalariada’; saiba quanto ganham outros membros da monarquia

A recente recuperação da longa recessão ainda não é sentida e a crise deu novo fôlego a tensões territoriais alimentadas pelos nacionalismos basco e catalão, e ampliou a demanda por uma reforma dos partidos e instituições políticas manchados pela corrupção. Ele pode influir em um pacto para resolver o conflito com a Catalunha e o País Basco, por exemplo, mas resolver a questão dependerá mais das forças políticas do que do monarca. “De dom Felipe espera-se que mantenha a unidade social e territorial da Espanha, mas isso será muito difícil se as lideranças saídas das urnas continuarem enroscadas, aguardando que o rei circule sozinho pelo tabuleiro”, ressaltou artigo recente do jornal espanhol.

O jornal El País aponta como vantagem o fato de o rei ter quase nenhum poder na Espanha, cumprindo basicamente a função de representar o país, ou funções arbitrais e moderadoras. Isso permitiria a Felipe VI manter-se fora de confrontos partidários. Mas o novo rei terá de enfrentar os problemas da própria monarquia, desacreditada pelos súditos e maculada por uma série de escândalos, incluindo o indiciamento por lavagem de dinheiro e fraude fiscal da infanta Cristina, sua irmã, e uma luxuosa viagem de Juan Carlos à África para caçar elefantes a convite de um magnata saudita. Uma forma de lidar com a questão será dar mais transparência e austeridade à Casa Real.

Ricardo Setti: A verdadeira causa da abdicação de Juan Carlos

Os problemas com os quais Felipe VI terá de lidar são bem diferentes dos enfrentados por seu pai, em 1975. Após a Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939), o general Franco assumiu o poder com um golpe de Estado. Ao contrário dos republicanos, o ditador tinha grande apreço pela monarquia e nomeou Juan Carlos “sucessor a título de rei”. Ao ser proclamado rei, sua missão era assegurar a transição para a democracia, o que foi garantido por uma nova Constituição segundo a qual todos os atos do rei devem ser referendados pelo governo eleito.

Por enquanto, a continuidade da monarquia está assegurada. Nem que seja pelo rechaço do primeiro-ministro Mariano Rajoy aos protestos que se seguiram ao anúncio da abdicação, pedindo um referendo a favor da República. Ou pela proibição de exibir bandeiras republicanas no caminho percorrido pelo novo rei, pela rainha Letizia e as filhas do casal até o Palácio Real, depois da proclamação na Câmara dos Deputados.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.