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Omar Obaca, o primeiro candidato negro à Presidência argentina

A nova sensação na campanha presidencial argentina faz sucesso nas ruas e na internet. Satirizando a miséria política do país, seus vídeos já foram vistos por mais de 5 milhões

Por Julia Braun
7 jun 2015, 09h55

Criar uma lei para que os mais prestigiados jogadores argentinos voltem a jogar em seu país; pagar parte da dívida externa com a China em balas e doces; aplicar parte do dinheiro dos impostos em silicone para as mulheres. Essas são só algumas das mais ousadas propostas de Omar Obaca, que vem se promovendo como “o melhor candidato” para substituir Cristina Kirchner na Casa Rosada.

Porém, para a decepção de seus mais de 5 milhões de fãs no Youtube, Obaca não é candidato oficial à Presidência e não vai ter seu nome nas cédulas na eleição marcada para outubro. O personagem, claramente inspirado no presidente americano Barack Obama, foi criado pela produtora FWTV como uma aposta publicitária. Assim, fazendo sátira da miséria política argentina e das propostas dos candidatos oficiais, a produtora divulga sua marca e seu trabalho. Para Gloria Vailati, gerente geral e cofundadora da empresa, o personagem foi concebido em um período onde o riso se faz necessário: “Pareceu uma ideia muito criativa, em um momento em que nós, argentinos, necessitamos rir de nós mesmos e da situação política”, disse.

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A produtora acertou em cheio. O homem que deseja ser o primeiro presidente negro da Argentina está chamando a atenção de eleitores que vivem o dia a dia da crise política e econômica de seu país, mas ainda não perderam o senso de humor. Com um governo fraco e bombardeado por escândalo, desemprego crescente e altas taxas cambiais, os argentinos ainda riem de sua própria situação. De forma sarcástica e bem-humorada, Obaca está roubando um pouco dos holofotes dos candidatos que não conquistaram a confiança do povo para protagonizar a mudança exigida. De quebra, ele também está distendendo o ambiente político tenso e repetitivo da campanha presidencial argentina.

As eleições para escolher o futuro presidente estão marcadas para 25 de outubro, e a campanha oficial só começa cinco semanas antes dessa data, mas a corrida para ocupar o posto mais alto na Casa Rosada já começou há meses. Os três principais candidatos que já anunciaram oficialmente o desejo de ocupar a Casa Rosada são Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires e o escolhido de Cristina Kirchner para levar adiante seu legado; o opositor Mauricio Macri, atual prefeito de Buenos Aires; e Sergio Massa, ex-chefe de gabinete de Cristina e agora membro da oposição. Na última pesquisa, divulgada pelo diário Clarín em maio, Scioli (33,3%) e Macri (33,2%) apareciam praticamente empatados, e Massa corre por fora com 13,8% das intenções de voto. A apertada disputa entre os dois candidatos mais bem colocados tem tudo para ser feroz, com a habitual troca de acusações e insultos que marcam as campanhas presidenciais.

Propostas – Alheio à ‘realpolitik’ argentina, Obaca se diverte e garante que possui todas as qualidades para ocupar o posto mais alto do país. Ele afirma, em despeito da onda politicamente correta que avança sobre o humor, que é o único candidato capaz de proporcionar aos argentinos o “futuro negro” que merecem e diz ter soluções para todos os problemas do país. Para melhorar a segurança, promete obrigar todos os argentinos a se vestirem como policiais, e assim assustar os assaltantes. “Quem vai querer roubar com 20 ou 30 pessoas vestidas de polícia na rua?”. Para acabar com a corrupção, vai trabalhar sozinho, afinal, “sem políticos não vai haver corrupção”. Ele também se compromete a dividir 400 milhões de dólares da reserva da Argentina – ele jura que essa reserva existe – entre todos os cidadãos do país. Também está disposto a trocar votos por sua senha do Netflix e pela promessa de colocar data de vencimento nas certidões de casamento, “para poderem ser renovadas de acordo com a vontade de cada um”. Até mesmo para conflitos que estão muito além de suas responsabilidades, como o recente escândalo na FIFA, o candidato já elaborou sua proposta: “O papa Francisco pode dirigir a FIFA; ele gosta muito de futebol e não vai fazer mal. Ele só está esperando uma ligação nossa”, afirmou ao site de VEJA.

De Obama, além da semelhança do nome, Obaca também emprestou os gestos, a maneira de falar, as roupas e até mesmo as cores de sua campanha, que remetem às mesmas usadas pelo presidente americano durante as eleições nos Estados Unidos. O personagem jura que conheceu Obama na faculdade, onde estudaram ciências políticas. “Nós nos conhecemos na cafeteria da universidade e nos tornamos amigos. Falamos de esporte, de política, de economia e de mulheres”, disse Obaca. As páginas do “primeiro candidato negro à Presidência da Nação” nas redes sociais ‘bombam’ com centenas fotos de fãs reproduzindo um dos símbolos de sua campanha com os dedos – o W de ‘winner’, ou vencedor, em português – e com vídeos de argentinos que sonham em ser o seu novo vice-presidente. Ele está disposto a escolher um companheiro de chapa do povo: “Sou o candidato do povo e um vice-presidente tem de vir do povo também”, justifica.

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Apesar dos dotes cômicos e do indiscutível carisma – e da não tão perceptível semelhança com o presidente americano Barack Obama -, bom humor é tudo que Obaca pode oferecer à Argentina durante a corrida presidencial. Os argentinos dependem do resultado das urnas para executar as mudanças desejadas e passarem a enxergar um futuro menos sombrio. Enquanto isso não acontece, eles podem, ao menos, se divertir.

Vídeo: Campanha de Omar Obaca para melhorar o futebol argentino

https://youtube.com/watch?v=jSCBru7YLhM

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