Obama sobre ataques: ‘Esta não é uma luta só dos EUA’
Presidente americano destaca coalizão ao falar de bombardeios na Síria. Assad diz 'apoiar' esforço internacional de combate ao terrorismo
O presidente Barack Obama falou nesta terça-feira sobre a ampliação da ofensiva contra o terrorismo no Oriente Médio e fez questão de destacar que “esta não é uma luta apenas dos Estados Unidos”. O pronunciamento foi feito na Casa Branca, antes da viagem para Nova York, onde Obama terá três dias de intensos e cruciais contatos diplomáticos.
Ele destacou o apoio dos cinco aliados árabes nos ataques contra o Estado Islâmico na Síria: Bahrein, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Catar. Os três primeiros afirmaram ter participado dos ataques aéreos. A Arábia Saudita também participou, segundo informações do Exército americano, e o Catar apoiou a operação. “A força desta coalizão deixa claro ao mundo que esta não é uma luta apenas dos Estados Unidos”, disse Obama. “Além do mais, os povos e governos do Oriente Médio rejeitam o Estado Islâmico e levantam-se pela paz e segurança que o povo da região e o mundo merecem”.
As aeronaves lançaram mais de 160 disparos contra alvos na Síria, destruindo prédios e infraestrutura essenciais dos grupos extremistas, segundo informações do Pentágono. Os ataques ocorreram em três fases, concentradas na fronteira entre o Iraque e a Síria e nas cidades sírias de Alepo e Raqqa, que é tida como o centro de operação do Estado Islâmico. Os Estados Unidos usaram alguns de seus armamentos mais avançados, incluindo caças F-22 e mísseis de cruzeiro Tomahawk, informou o Wall Street Journal. A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que pelo menos setenta terroristas foram mortos nos ataques.
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Obama advertiu que a ofensiva contra o Estado Islâmico “vai levar tempo”. “Haverá desafios à frente, mas vamos fazer o que for necessário para combater este grupo terrorista, pela segurança do país e da região e de todo o mundo”. Bombardeios também foram direcionados pelas forças americanas contra a Frente Nusra, facção jihadista que tenta derrubar o regime de Bashar Assad na Síria, e o Khorasan, que, segundo autoridades americanas, está planejando um ataque contra o Ocidente.
Assad fala – Em suas primeiras declarações depois dos bombardeios da coalizão internacional na Síria, o ditador Bashar Assad afirmou que seu regime “apoia qualquer esforço internacional de combate ao terrorismo”. “A Síria vai continuar a lutar de forma resoluta a guerra que tem mantido há anos contra o terrorismo”. A definição de “terrorista” do regime sírio é diferente da dos Estados Unidos. Assad classifica como terroristas todos os grupos rebeldes contrários a sua permanência no poder, incluindo aqueles considerados moderados pelos EUA.
A Síria foi informada antes dos ataques, mas não houve coordenação estratégica com o governo local, segundo o Departamento de Estado americano. A informação é que nenhum detalhe foi informado ao regime Assad e não houve pedido de permissão, mesmo assim, o aviso marca uma rara demonstração de interação de Washington com os enviados de Assad, como destacou o jornal The Washington Post.
“Nós não pedimos permissão do regime. Nós não coordenamos nossas ações com o governo sírio”, destacou a porta-voz Jen Psaki, acrescentando que não foi informado o momento dos ataques ou quais alvos seriam atingidos. Ela negou a informação divulgada pela agência estatal de notícias síria Sana, de que o secretário de Estado John Kerry teria enviado ontem uma correspondência ao chanceler sírio para falar sobre as intenções dos EUA de bombardear o território.
O ministro de Relações Exteriores, Walid al-Moualem, afirmou que os bombardeios teriam alcance limitado sem a colaboração das forças sírias em terra, segundo a agência Sana. A declaração é mais uma tentativa do regime Assad de forçar uma coordenação estratégica com Washington, apesar de o governo Obama ter aumentado a ajuda a rebeldes moderados para que enfrentem o EI.
(Com Estadão Conteúdo)