Obama felicita Putin por se responsabilizar pelo “cliente” Bashar Assad
Enquanto isso, secretário de Estado americano adverte que ataque pode se concretizar, caso ditador não entregue arsenal químico
Em entrevista concedida à rede ABC News, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se disse satisfeito com o acordo firmado com o governo russo no último sábado, que suspendeu o início da uma ação militar contra a Síria, e aproveitou para lançar uma provocação a Vladimir Putin. Obama felicitou o presidente russo por ter assumido a responsabilidade de pressionar seu “cliente”, o ditador sírio Bashar Assad, para desmantelar seu arsenal químico. “Eu o parabenizo por ter se comprometido. Eu o felicito por ter dito: ‘Eu assumo a responsabilidade de pressionar meu cliente, o regime de Assad, a administrar suas armas químicas'”, disse Obama durante a entrevista.
Os Estados Unidos e a Rússia chegaram a um acordo neste sábado, no qual o governo americano se comprometeu a suspender o início da operação militar em troca das armas químicas de Assad. “Putin e eu temos grandes divergências em um amplo leque de problemas. Mas posso afirmar: trabalhamos juntos em importantes assuntos”, disse o presidente, que citou o combate ao terrorismo como exemplo.
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“Não estamos na guerra fria. Não existe competição entre Estados Unidos e Rússia”, acrescentou Obama, destacando que as relações bilaterais sempre foram marcadas pela doutrina do ex-presidente Ronald Reagan: “Confiança, mas vigilância”.
“Tudo isso é visto a partir do prisma da oposição entre russos e americanos. Mas não se trata disso. Trata-se de garantir que as piores armas não fiquem nas mãos de um regime mortífero ou de alguns membros da oposição, que se opõem tanto aos Estados Unidos como a Assad”, acrescentou.
Ameaça continua – Enquanto Obama elogiou o acordo, o secretário de Estado americano, John Kerry, enviou uma advertência para o governo sírio e manteve a ameaça de uma intervenção militar. O chefe da diplomacia dos Estados Unidos disse que o país ainda pode realizar seu ataque caso o regime de Assad não cumpra com sua parte no trato.
A afirmação foi feita durante uma entrevista coletiva realizada após um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, no qual discutiram o acordo. O secretário de Estado reiterou que é crucial que o regime sírio cumpra sua parte, caso contrário a ameaça americana de empregar a força militar contra Damasco surtirá efeito. “Não podemos nos permitir palavras vazias”, afirmou Kerry.
Netanyahu, por sua vez, disse que a comunidade internacional precisa garantir que regimes radicais não possuam este tipo de armamento. “A determinação demonstrada pela comunidade internacional em relação à Síria influenciará de forma direta no regime que a patrocina: o Irã”, afirmou Netanyahu, de acordo com um comunicado divulgado por seu gabinete.
“O Irã deve entender as consequências de seu contínuo desafio à comunidade internacional com sua busca por armas nucleares”, disse o primeiro-ministro. O jornal israelense Yedioth Ahronoth afirmou neste domingo que, do ponto de vista de Israel, a forma com que a Casa Branca abordou o assunto das armas químicas coloca em dúvidas sua disposição de impedir que Teerã continue com seu projeto nuclear.
(Com Agência France-Presse e EFE)