Netanyahu recua e fala que Estado palestino é possível
O premiê, no entanto, alertou que as circunstâncias atuais precisam mudar antes que seja alcançada uma solução para o conflito baseada em dois Estados
Apenas dois dias depois de ver o seu partido, o Likud, vencer as eleições parlamentares em Israel, Benjamin Netanyahu recuou em sua declaração de que nenhum Estado palestino seria criado enquanto ele fosse primeiro-ministro. Mas ponderou que as circunstâncias precisam mudar para que uma solução baseada em dois Estados seja alcançada.
Em entrevista à emissora MSNBC nesta quinta-feira, Netanyahu disse que ainda quer uma solução “pacífica e sustentável” e ressaltou que não pretende reverter a posição assumida em 2009, pouco depois de assumir seu segundo mandato. “Eu não mudei minha política”, afirmou. “O que mudou foi a realidade”.
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O premiê disse que a recusa das lideranças palestinas em reconhecer Israel como um Estado judeu e o pacto com o grupo Hamas impossibilita uma solução em dois Estados neste momento. “Eu não quero uma solução de um Estado. Eu quero uma solução sustentável e pacífica de dois Estados, mas para isso, as circunstâncias precisam mudar”.
À Fox News, Netanyahu afirmou que um Estado palestino pode existir se for desmilitarizado e reconhecer Israel como Estado judeu. Mas afirmou que não poderia apoiar tal Estado atualmente por causa da ameaça de que o Estado Islâmico e outros grupos militantes apoiados pelo Irã possam conquistar o território.
A declaração em que descartou a criação do Estado palestino foi dada na véspera do pleito, como uma cartada final para conseguir os votos da direita. Mas a postura apresentada pelo premiê azedou a relação com os Estados Unidos, que já vinham estremecidas, e também com a Europa.
Ontem, a Casa Branca indicou que reavaliaria o apoio diplomático a Israel. “As decisões tomadas pelos Estados Unidos nas Nações Unidas eram baseadas nesta ideia de uma solução de dois Estados”, afirmou o porta-voz Josh Earnest. “Agora, nosso aliado diz que não está mais engajado neste caminho (…) isto significa que devemos reavaliar nossa posição”.
As negociações mediadas pelos Estados Unidos estão paralisadas desde o ano passado. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se disse “extremamente preocupado com o resultado da eleição israelense”, e afirmou que manterá a estratégia de buscar reconhecimento nas Nações Unidas e usar a Corte Penal Internacional para pressionar Israel com acusações de crimes de guerra. “Se o que Netanyahu disse é verdade, então todo o projeto da solução de dois Estados torna-se inviável, impossível”.
(Com Estadão Conteúdo)