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Parlamento destitui presidente ucraniano

Presidente Viktor Yanukovich é deposto e acusa oposição de "golpe". Ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, presa desde 2012, foi libertada. União Europeia pede formação de governo de transição

Por Da Redação
22 fev 2014, 12h53

O Parlamento ucraniano aprovou neste sábado a deposição do presidente Viktor Yanukovich por “abandono de suas funções”. Novas eleições foram marcadas para 25 de maio. Manifestantes tomaram a sede do governo depois da confirmação de que Yanukovich havia deixado a capital, Kiev. O paradeiro do mandatário é desconhecido, em um momento no qual o poder do líder pró-Rússia diminui rapidamente como consequência da violência na capital. Yanukovich deu entrevista ao canal de televisão UBR e afirmou que não renunciará, chamando os eventos recentes no país são um “golpe de estado”.

A ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko, que cumpria pena de sete anos de detenção por abuso de poder, recuperou hoje a liberdade e deixou a clínica na cidade de Kharkiv onde se encontrava desde maio 2012, informou a televisão local. A Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia aprovou resolução para que fossem cumpridos “os compromissos internacionais” que exigiam a libertação de Tymoshenko, em alusão às exigências da União Europeia e dos Estados Unidos.

No gabinete do presidente, o manifestante Ostap Kryvdyk, que se descrevia como um comandante do protesto, afirmou que alguns membros do grupo entraram nos escritórios, mas não houve saques. “Vamos guardar o edifício até que o próximo presidente venha”, afirmou ele à Reuters. “Yanukovich nunca voltará”, disse.

A residência do presidente fora de Kiev está sendo guardada por milícias de “autodefesa” formadas por manifestantes. Centenas de pessoas entraram no terreno, mas não no prédio. Uma fonte da área de segurança na Ucrânia disse à agência que o presidente ainda está na Ucrânia, mas não afirmou se ele se encontra em Kiev. Um aliado afirmou que ele está em uma cidade do leste do país. Anna Herman, uma legisladora próxima a Yanukovich, disse à agência de notícias UNIAN que o presidente está na cidade de Kharkiv, no nordeste do país e onde se fala russo.

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Yanukovich, que deixou grande parte da população furiosa ao virar as costas para a União Europeia para estreitar seus laços com a Rússia há três meses, fez concessões em um acordo negociado por diplomatas europeus na sexta-feira, dias após atos de violência que mataram 77 pessoas, com o centro de Kiev parecendo uma zona de guerra. Mas o acordo, que convocava eleições antecipadas até o fim do ano, não foi o suficiente para apaziguar os manifestantes, que pediam a queda imediata de Yanukovich, após um massacre no qual atiradores de elite disparavam balas do topo dos prédios.

Parlamentares atuaram rapidamente para implementar o acordo, votando para restaurar uma Constituição que diminuísse o poder do presidente e mudando a lei para permitir que sua rival, a líder oposicionista presa Yulia Tymoshenko, fosse libertada. Neste sábado, legisladores aprovaram acelerar sua soltura sem a assinatura do presidente.

O presidente do Parlamento, leal a Yanukovich, renunciou neste sábado, e o Congresso elegeu Oleksander Turchynov, um aliado de Yulia Tymoshenko, como seu substituto.

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Os acontecimentos do sábado estavam rapidamente moldando o futuro de um país de 46 milhões de pessoas, distanciando a nação de Moscou e estreitando relações com o Ocidente, embora a Ucrânia esteja perto da bancarrota e precise da Rússia para pagar seus compromissos.

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“Hoje ele (Yanukovich) deixou a capital”, afirmou o líder da oposição, Vitaly Klitschko, ex-campeão mundial dos pesos-pesados no boxe, durante uma sessão de emergência no Parlamento, que debatia um pedido da oposição para a renúncia do presidente. “Milhões de ucranianos veem uma única saída: eleições antecipadas para presidente e Congresso”, afirmou Klitschko. Depois, ele afirmou pelo Twitter que a eleição deve ocorrer antes de 25 de maio.

O Parlamento aprovou na sexta-feira a saída do ministro do Interior, Vitaly Zakharchenko, um partidário de Yanukovich e que foi apontado pela oposição como o culpado pelas mortes. O ministério pediu aos cidadãos que se unam “na criação de um país europeu verdadeiramente independente, democrático e justo”.

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As concessões de Yanukovich na sexta-feira acabaram com 48 horas de violência, que tornaram o centro de Kiev um inferno. Sem policiais leais o suficiente para restaurar a ordem, as autoridades colocaram atiradores de elite nos topos dos edifícios, de onde eles dispararam contra manifestantes, mirando na cabeça e no pescoço.

União Europeia – A União Europeia (UE) está preparada para oferecer apoio financeiro à Ucrânia, informou neste sábado o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. “Se houver a formação de um governo reformista na Ucrânia, nós iremos trabalhar com a comunidade internacional e as instituições financeiras para apoiar o país”, afirmou Barroso ao jornal alemão ‘Welt am Sonntag’.

O presidente da Comissão Europeia acrescentou que a UE está disposta a assinar um acordo que prevê livre comércio com a Ucrânia logo que o país esteja pronto. “A União Europeia está determinada em apoiar as reformas políticas e econômicas na Ucrânia”, enfatizou Barroso.

Na entrevista, Barroso apelou para que o acordo entre o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, e a oposição assinado ontem tenha efeito e que a reforma constitucional ocorra, bem como um governo de transição seja formado imediatamente e que as eleições sejam antecipadas. “Isso deve acontecer sem demora. A comunidade internacional tem o dever e a responsabilidade de apoiar esse processo”, afirmou.

A respeito das sanções da UE à Ucrânia, Barroso disse que o bloco da moeda comum “não pode ficar indiferente às imagens dos últimos dias”.

(Com EFE, Estadão Conteúdo e AP)

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