Líderes pressionam Putin a controlar rebeldes em favor do resgate das vítimas
Representantes dos governos da Alemanha e da Grã-Bretanha convocam a Rússia a exercer sua influência sobre os milicianos para que as buscas possam prosseguir
Líderes da Alemanha e da Grã-Bretanha convocaram, neste sábado, o presidente russo Vladimir Putin a exercer sua influência sobre os rebeldes do leste da Ucrânia para que deixem as equipes de resgate do acidente do voo MH17 trabalharem na área onde estão os destroços do avião. A chanceler alemã Angela Merkel telefonou para Putin durante a manhã para pedir sua atuação em favor das forças de resgate.
Já a Grã-Bretanha acusou a Rússia de não exercer sua influência sobre os separatistas pró-russos para poder ter acesso ao local da queda do avião da Malaysian Airlines. “Não estamos recebendo apoio suficiente da parte dos russos. A Rússia não está utilizando sua influência de maneira efetiva para fazer com que os separatistas, que estão no controle da área (onde o avião foi derrubado), permitam o acesso que necessitamos”, declarou o ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond. “Os olhos do mundo estão voltados para a Rússia”, acrescentou o ministro.
Leia também:
Ucrânia acusa rebeldes pró-Rússia de remover corpos e ocultar provas
Malaysia identifica nacionalidades dos 298 passageiros
Quem ficou com as caixas-pretas do avião abatido?
Novas sanções dos EUA atingem gigantes da Rússia
Ucrânia acusa Rússia de derrubar um de seus caças
Em resposta, a Rússia divulgou um comunicado pedindo às autoridades ucranianas e aos rebeldes que permitam que os especialistas internacionais tenham acesso ao local do acidente do avião da Malaysia Airlines. “O lado russo apela para ambos os lados do conflito ucraniano, insistindo para que façam o possível para permitir o acesso dos especialistas internacionais à área do acidente do avião, para que possam fazer o que for necessário para a investigação”, disse o comunicado assinado pelo Ministério das Relações Exteriores.
As tensões aumentaram depois que Kiev acusou a Rússia e os separatistas pró-Moscou de destruírem evidências de “crime internacional” no local do acidente, além de ocultar 38 corpos, furtar joias e cartões de crédito e, sobretudo, não enviar às autoridades do país as caixas pretas do avião. Ainda segundo o governo ucraniano, há provas de que os rebeldes pró-Rússia dispararam o míssil que matou os 298 passageiros a bordo da aeronave na quinta-feira.
Em entrevista à CNN, o premiê da Ucrânia Arseniy Yatsenyuk também criticou a apatia russa e afirmou que o autor do disparo que abateu o avião da Malaysia é um atirador profissional. “Não se trata de um terrorista bêbado pró-Rússia. É alguém que recebeu bom treinamento. Alguém que sabe como essa máquina funciona e tem experiência nesse tipo de disparo”, disse o premiê.
Ocultação de provas – O acesso das equipes de resgate e observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) ao local do acidente continua complicado neste sábado. Ainda que, segundo a imprensa ucraniana, os trabalhos tenham sido executados sob menos pressão das milícias, muitos dos materiais e vestígios coletados eram confiscados pelos milicianos. Kiev afirmou ainda que a comunicação com as equipes de resgate foi cortada e que os rebeldes levaram objetos e corpos num caminhão com destino à cidade de Donetsk.
Local da queda do avião na Ucrânia