O governo da Líbia não reconhecido pela comunidade internacional e instalado na capital Trípoli anunciou nesta terça-feira que vai ceder o poder ao governo de união nacional apoiado pela ONU. “Informamos que cessaremos as atividades do poder executivo, da presidência, dos parlamentares e ministros”, explicou o governo não reconhecido em um comunicado, emitido uma semana depois da chegada ao país do primeiro-ministro Fayez al Sarraj, líder do novo governo.
A Líbia conta com dois governos adversários desde meados de 2014, quando uma aliança de milícias ocupou a capital Trípoli, forçando o Parlamento reconhecido pela comunidade internacional a se deslocar para Trobuk, no nordeste do país.
No texto que anuncia a saída do poder, as autoridades explicam a decisão pela vontade de “acabar com o derramamento de sangue e para evitar a divisão da nação”. O chefe do governo não reconhecido, Khalifa Ghweil, explica no comunicado que, a partir de agora, “já não é responsável pelo que possa ocorrer no futuro”.
O anúncio foi feito poucas horas depois da chegada a Trípoli do enviado especial da ONU para a Líbia, Martin Kobler, um dos homens que mais pressionaram para que o governo de união nacional fosse transferido à capital, apesar da falta de reconhecimento dos dois governos rivais de Trípoli e Tobruk. Nesta terça, Kobler tuitou que “após uma intensa jornada, veio a informação de que o governo em Trípoli cede o poder”. “Agora as palavras têm que ser seguidas por ações”.
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A Tunísia anunciou, na véspera, a reabertura de sua embaixada em Trípoli, fechada desde 2014, quando a cidade caiu nas mãos da coalizão de milíciais Fajr Lybia.
A Líbia está mergulhada no caos e nas lutas entre milícias adversárias desde a morte, em 2011, do ditador Muamar Khadafi, em meio a uma revolta apoiada militarmente pelo Ocidente. A nomeação do primeiro-ministro Al Sarraj para chefe de governo ocorreu em dezembro, após longas negociações patrocinadas pela ONU. Sua chegada a Trípoli, na quarta-feira passada, foi marcada por advertências e ameaças do governo não reconhecido, mas no dia seguinte dez cidades do oeste da Líbia anunciaram seu apoio ao governo de união nacional, incluindo Sabratha, Zawiya e Zuwara. Al Sarraj ainda não recebeu o apoio oficial do Parlamento em Trobuk.
(Com AFP)