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Kerry: Assad não pode fazer parte de governo de transição

Secretário de Estado dos EUA exige afastamento do ditador na abertura da conferência de paz que busca um caminho para o fim da guerra civil na Síria

Por Da Redação
22 jan 2014, 07h19

Ao falar nesta quarta-feira na conferência internacional de paz sobre a Síria, o secretário de Estado americano John Kerry afirmou que o ditador sírio Bashar Assad não pode, “de nenhuma maneira”, ter participação em um governo de transição porque perdeu a legitimidade para governar. Ainda segundo Kerry, a reunião realizada na cidade suíça de Montreux é um teste para a comunidade internacional encontrar uma solução para o conflito, que já deixou mais de 130.000 mortos. Pela primeira vez desde o início da sangrenta guerra civil na Síria, há quase três anos, representantes do governo e da oposição ao ditador Assad começam a tentar viabilizar um processo capaz de, a médio prazo, interromper o conflito. Co-patrocinada pela ONU, Estados Unidos e Rússia, e com a participação de delegações de quarenta países e organismos internacionais como a União Europeia e a Liga Árabe, a conferência de paz Genebra 2 foi aberta pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, nesta quarta.

Ao abrir a conferência, Ban pediu que as partes que se enfrentam na Síria aproveitem a reunião para resolver seu conflito. “Depois de quase três anos dolorosos de conflito e sofrimento na Síria, hoje é um dia de esperança”, declarou Ban. Os dois lados no conflito sírio, disse o secretário-geral “podem fazer um novo começo”. “Essa conferência é sua oportunidade de mostrar unidade. Vocês têm uma enorme oportunidade e responsabilidade de prestar um serviço ao povo da Síria”, completou.

“Todas as pessoas estão olhando para vocês, reunidos aqui hoje, para que acabem com seu sofrimento” incalculável, declarou Ban, convidando também os representantes dos quarenta países e organizações internacionais reunidos na conferência a agir para ajudar a resolver a crise. As potências internacionais devem “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ajudá-los a alcançar esses objetivos”, disse. “Quantos mais irão morrer na Síria … se essa oportunidade for perdida?”, se perguntou Ban. “Não há alternativa para acabar com a violência… Vamos provar a todos que o mundo é capaz de se unir”, disse.

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Já Kerry foi enfático: “Vemos apenas uma opção: negociar um governo de transição nascido de um consenso”, disse Kerry. “Isso significa que Bashar Assad não será parte do governo de transição. Não há maneira, nenhuma maneira possível, para que um homem que tem liderado uma resposta brutal contra seu próprio povo possa recuperar a legitimidade para governar.” Kerry prossegui: “O direito de liderar o país não vem da tortura, nem de barris de bombas ou mísseis. Vem do consentimento do povo. E é difícil imaginar como o consentimento possa ser iminente neste momento importante”. Mas o secretário de Estado americano ressaltou que em uma nova Síria não pode haver lugar para os “milhares de extremistas violentos que espalham sua ideologia de ódio e pioram o sofrimento do povo”.

O ministro das Relações Exteriores sírio reagiu rapidamente, criticando Kerry por suas declarações sobre a saída de Assad. “Senhor Kerry, ninguém no mundo tem o direito de conceder ou retirar a legitimidade de um presidente, de uma Constituição ou de uma lei, exceto os próprios sírios”, declarou Walid al-Moualem na abertura da conferência de paz.

Vaticano – O papa Francisco rezou nesta quarta-feira para que a conferência de paz sobre a Síria tenha êxito e fez um chamado pelo fim “da violência e do conflito”. “Peço ao Senhor para que alcance o coração de todos, para que, buscando unicamente o bem do povo sírio, que já sofreu tanto, não economizem esforços para alcançar de forma urgente o fim da violência e do conflito”, afirmou o papa, em sua tradicional audiência geral de quarta-feira para 13.000 fiéis reunidos na praça São Pedro. O Vaticano também participa da conferência de paz sobre a Síria.

Negociações – Antes mesmo da largada da reunião, ficou claro que alcançar esse objetivo não será fácil. Horas antes do desembarque na Suíça da delegação do governo sírio, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores Walid al-Mouallem, o regime voltou a demostrar sua intransigência ao advertir que o destino do ditador Bashar Assad é “uma linha vermelha” que ninguém pode ultrapassar.

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“As questões do presidente e do regime são linhas vermelhas para nós e para o povo sírio, ninguém pode tocar na Presidência”, afirmou al-Mouallem de acordo com a agência de notícias estatal síria Sana. Ele destacou “o desejo da Síria de fazer essa conferência ser bem-sucedida, como primeiro passo que abra caminho para um diálogo sírio-sírio sobre o território sírio para concretizar as aspirações do povo sem ingerência estrangeira, de qualquer parte que seja”. Mas o ministro reforçou: “Viemos a Genebra na esperança de chegar a uma posição síria e internacional unificada frente ao terrorismo que atinge a Síria e a região” – os combatentes inimigos são tratados pelo regime como terroristas.

Já os opositores de Assad, pressionados por aliados ocidentais a participar das negociações, renovaram a exigência de que o ditador deixe o poder e seja julgado por um tribunal internacional por crimes de guerra. “Nós não vamos aceitar menos do que a remoção do criminoso Bashar Assad, a mudança do regime e a responsabilização dos assassinos”, disse o secretário-geral da Coalizão Nacional Síria, Badr Jamous.

(Com agências Reuters e France-Presse)

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