Investigadores não questionaram terrorista preso sobre ataques iminentes em Bruxelas
Salah Abdeslam, preso na semana passada, foi interrogado por apenas uma hora nos quatro dias antes dos ataques na capital belga
O terrorista Salah Abdeslam, acusado de ser o mentor dos atentados de Paris em novembro do ano passado e preso na sexta-feira, dia 18, foi interrogado durante apenas uma hora pelas autoridades belgas nos três dias que antecederam os ataques em Bruxelas. A informação é de fontes ligadas à investigação, reportou o site Politico.
Entre a sexta-feira da prisão e a manhã da última terça-feira, quando três explosões no aeroporto e em uma estação de metrô de Bruxelas deixaram 31 mortos e mais de 250 feridos, Abdeslam esteve em uma única sessão de interrogatório, de apenas 60 minutos, no sábado.
Segundo a publicação, embora a polícia tenha encontrado impressões digitais de Abdeslam em um esconderijo e os serviços de segurança e inteligência belgas soubessem da possibilidade de ataques terroristas na Bélgica, todo o interrogatório girou em torno de um único tema: o envolvimento de Salah Abdeslam nos atentados de Paris. Ou seja, os investigadores não teriam perguntado ao terrorista sobre possíveis futuros ataques.
Sven Mary, advogado de Abdeslam, confirmou ao site Politico que seu cliente foi interrogado por pouco tempo antes dos ataques em Bruxelas. “Sim. Uma vez”, disse ele. De acordo com um oficial de segurança da Bélgica, o terrorista foi brevemente questionado porque se recuperava de uma cirurgia – Abdeslam foi baleado no joelho durante a operação que resultou em sua prisão. “Ele parecia muito cansado e tinha sido operado na véspera”, disse o oficial ao Politico, pedindo anonimato.
Nos últimos quatro meses, Salah Abdeslam foi o terrorista mais procurado da Europa. Ele foi capturado em uma operação antiterrorista realizada no dia 18 pelas forças especiais belgas no distrito de Molenbeek, em Bruxelas.
Os fatos de Abdeslam não ter sido interrogado sobre ataques iminentes, as autoridades conhecerem os terroristas e a inteligência belga ter recebido “avançados e precisos” avisos sobre a possibilidade de ataques terroristas na Bélgica provocaram críticas ao sistema contraterrorismo do governo belga. Na quinta, o primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, se negou a aceitar as cartas de renúncia dos ministros do Interior, Jan Jambon, e de Justiça, Koen Geens, após falhas no caso.
Na quinta-feira, dois dias após os atentados em Bruxelas, Abdeslam informou, por meio de seu advogado, que quer ser extraditado “o mais rápido possível à França”. Sven Mary afirmou que seu cliente não quis colaborar com os investigadores que foram visitá-lo na prisão na terça-feira, após o duplo-atentado que chocou o país.
(Da redação)