Índia condena estupradores de fotojornalista à morte
Uma Corte de Mumbai sentenciou três homens à morte por enforcamento. A mesma pena havia sido aplicada a outros quatro acusados em um caso anterior
Um tribunal da cidade de Mumbai, na Índia, condenou à pena de morte os três acusados de estuprar uma fotojornalista de 23 anos, em agosto do ano passado. A sentença emitida nesta sexta-feira segue a nova legislação do país que prevê a aplicação da pena capital aos criminosos considerados culpados de múltiplos abusos sexuais. Embora o trio seja o primeiro a ser julgado e sentenciado de acordo com a lei, outros quatro homens já haviam recebido a mesma pena pelo estupro e morte de uma estudante de Nova Délhi, em dezembro de 2012.
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Após o caso de estupro da fotojornalista ganhar repercussão internacional, uma telefonista de 18 anos veio a público para dizer que também havia sofrido um ataque semelhante na mesma região. De acordo com a rede britânica BBC, os três homens sentenciados nesta sexta-feira fazem parte do mesmo grupo de cinco pessoas que foi condenado anteriormente pelos abusos contra a jovem. Eles já tinham sido sentenciados à prisão perpétua antes de receberem a pena capital.
“Precisa haver tolerância zero com estes incidentes”, declarou o juiz Shalini Phansalkar Joshi, segundo a agência France-Presse. “Uma mensagem alta e clara deve ser enviada para a sociedade”, acrescentou. Na noite do ataque, a fotojornalista fazia fotos de edifícios antigos em um bairro luxuoso de Mumbai para uma revista, ao lado de um colega de trabalho, quando foi cercada pelos estupradores. “Os agressores atacaram o homem, prenderam e violentaram a mulher em um local isolado do bairro de Shakti Mills”, afirmou a polícia, na ocasião.
Os frequentes casos de estupros contra mulheres e crianças deixaram a comunidade internacional consternada com a situação na Índia. Diante da ineficiência das autoridades em coibir os abusos, a política indiana Asha Mirge, membro da Comissão pelos Direitos da Mulher no estado de Maharashtra, relacionou os estupros ao “comportamento” das mulheres”. Mesmo criticado por organizações defensoras direitos humanos e das mulheres, o discurso encontrou suporte nas vozes de outras autoridades e personalidades indianas. Um exemplo foi o popular guru Asaram Bapu, que chegou a dizer que uma das vítimas abusadas veio a falecer porque, ao invés de resistir, “deveria ter rezado a Deus e pedido aos agressores que a deixassem em paz”.