Independência da Catalunha recebe 80% dos votos em consulta informal
Para Madri, votação deste domingo foi uma "simulação inútil e estéril"
Cerca de 80% dos cidadãos e moradores da Catalunha que participaram da consulta simbólica sobre a soberania da região espanhola votaram pela independência. O pleito, não reconhecido por Madri, teve baixa participação: apenas 40% do eleitorado compareceu.
O governo catalão tinha contado 5,4 milhões de cidadãos aptos a votar. Estavam autorizados a dar sua opinião no plebiscito os maiores de 16 anos e todos aqueles que comprovassem ser moradores da Catalunha, independente de sua nacionalidade.
As pessoas que participaram do processo, conhecido como 9N, por ter sido realizado em 9 de novembro, tinham que responder a duas perguntas: “Quer que a Catalunha seja um Estado?” e, em caso afirmativo, “Quer que seja um Estado independente?”.
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Com o 96,8% dos votos contabilizados, 80,72% do total de participantes apoiaram a independência, enquanto o número de pessoas que apoiaram que a Catalunha seja um Estado, mas não independente, chegou a 10,09%.
O governo espanhol já deixou claro que não reconhece a validade nos números fornecidos pelo governo autônomo catalão, visto que a consulta carece de “mecanismos de controle”, como um censo prévio ou uma junta eleitoral.
O ministro da Justiça espanhol, Rafael Catalá, afirmou que a votação deste domingo foi uma “simulação inútil e estéril” que carece de qualquer validade democrática e que só serve para “exacerbar” a divisão entre os catalães.
Já para o líder do governo catalão, Artur Mas, favorável à independência, a consulta foi um “grande sucesso” e pode abrir caminho para a organização de um plebiscito formal. “Mais uma vez a Catalunha mostrou que quer governar a si própria.”
A votação foi realizada apesar de o Tribunal Constitucional espanhol ter suspendido, primeiramente, o plano do governo catalão de realizar uma consulta popular de autodeterminação e, pouco depois, a formulação de uma consulta alternativa com as mesmas perguntas.
Para se esquivar da proibição, as autoridades rebatizaram a consulta como “processo participativo”, em uma manobra que pode ser considerada desobediência civil, e confiaram sua execução aos milhares de voluntários que se distribuíram por 1.317 centros de votação em todo o território catalão.
A justiça investiga agora se o governo catalão incorreu em crimes de desobediência e prevaricação. A Constituição espanhola de 1978 atribui apenas ao governo central o poder de convocar referendos e não contempla a possibilidade da secessão de uma parte do território, já que cabe a todos os espanhóis decidirem sobre o futuro do país.
(Com agências EFE e Reuters)