Imprensa venezuelana quase não noticia prisão de familiares de Maduro
Crise econômica, escassez de produtos básicos e altas taxas de homicídio distraem venezuelanos da política nacional
A prisão de dois parentes do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusados de tráfico de cocaína, foi um embaraço internacional para ele e seu governo. No entanto, a grande maioria dos venezuelanos nem sequer ouviu falar sobre as prisões no Haiti ou as acusações formuladas posteriormente por autoridades americanas, já que quase toda a imprensa local, sob o cerco do chavismo, ignorou a história.
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A prisão de um filho de criação e um sobrinho de Maduro, noticiada em primeira mão pela site de VEJA, ganhou a primeira página de um único jornal de âmbito nacional na Venezuela, o El Nacional. O El Universal, outro jornal de repercussão, publicou uma reportagem online, mas não mencionou que os dois venezuelanos detidos – Franqui Francisco Flores de Freitas, de 30 anos, e Efrain Antonio Campo Flores, de 29 – fazem parte do círculo familiar de Maduro.
Simpatizantes da oposição, em geral mais ricos e mais ativos na internet, estavam tomando conhecimento do assunto no Twitter ou Facebook, onde a questão provocou alvoroço. “A notícia não está em nenhum dos jornais locais, mas estamos nas primeiras páginas no resto do mundo!”, lamentou a atriz Maria Brito, de 29 anos, que ficou sabendo do escândalo nas mídias sociais.
Além da censura, os venezuelanos enfrentam uma das piores crises econômicas da história do país, e são obrigados a enfrentar horas em filas para obter itens escassos, como carne e antibióticos.
(Com agência Reuters)