Hong Kong: manifestantes tentam invadir Legislativo
Grupo destruiu porta lateral do prédio e foi contido por policiais. Lideranças de movimento pró-democracia reprovaram a ação
Um pequeno grupo de manifestantes pró-democracia usou placas de concreto e grades para destruir uma porta lateral de vidro e invadir o prédio do Legislativo de Hong Kong nesta quarta-feira. Alguns conseguiram entrar, segundo testemunhas. Dezenas de policiais do batalhão de choque correram ao local, usando spray de pimenta e bastões para impedir outros manifestantes de também abrirem caminho à força.
Quatro pessoas, de idades entre 18 e 24 anos, foram detidas, e três policiais foram levados ao hospital com ferimentos, informou a polícia em um comunicado. O local das manifestações estava tranquilo no final da manhã, só com alguns policiais a postos.
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Um parlamentar pró-democracia presente ao local, Fernando Cheung, afirmou que ele e outros manifestantes tentaram impedir os ativistas de entrarem recorrendo à violência. “Este é um incidente muito, muito isolado. Acho que é uma enorme infelicidade, e é algo que não queremos ver acontecer, porque até agora o movimento tem sido pacífico”.
O status de Hong Kong
Ex-colônia britânica, Hong Kong passou a ser uma região administrativa especial da China em 1997, ano em que o enclave foi devolvido. Pelo acordo entre britânicos e chineses, Hong Kong goza de um elevado grau de autonomia, liberdade de expressão e econômica. Também preserva elementos do sistema judicial ocidental. Essas condições devem ser mantidas pelo menos até 2047.
O tumulto aconteceu horas depois de as autoridades terem colocado em prática uma ordem judicial para liberar uma área ocupada pelos manifestantes no distrito financeiro de Admiralty.
Aparentemente, o grupo que tentou invadir o Legislativo foi convocado por meio de um fórum na internet, conhecido por atrair pessoas com posições radicais. Lideranças do movimento pró-democracia condenaram a tentativa de invasão, mas também responsabilizaram o governo de Hong Kong por irritar os manifestantes e por não responder às suas demandas.
“Não podemos concordar com as razões para adotar esta ação”, disse Joshua Wong, de 18 anos, líder do Scholarism, um dos grupos estudantis que lideram os protestos.
O Occupy Central, outro grupo envolvido na organização dos protestos, disse que os responsáveis pela invasão enganaram a multidão, incentivando-a a atacar o prédio, ao divulgar “informações falsas”. Havia rumores de que um projeto de lei que poderia restringir a liberdade na internet seria aprovado, mas na verdade a proposta ainda está em discussão.
Os ativistas ocuparam as ruas no final de setembro para tentar reverter uma decisão do Congresso Nacional do Povo que restringe a candidatos apoiados por Pequim o cargo de chefe executivo de Hong Kong.
https://www.youtube.com/watch?v=1K_TP6mg5ms
(Com agência Reuters e Estadão Conteúdo)