Hong Kong: justiça determina liberação de áreas ocupadas por manifestantes
Barricadas foram retiradas de dois acampamentos, sem resistência dos ativistas pró-democracia, que já se concentram em número bem menor
Oficiais de justiça determinaram nesta terça-feira a retirada de algumas barricadas em Hong Kong para reduzir a área ocupada pelos manifestantes pró-democracia. Os oficiais executaram a ordem de retirada das barricadas ao redor da Citic Tower, no distrito financeiro de Admiralty. Os donos da torre reclamaram do bloqueio e conseguiram uma liminar para a desocupação do local. A liberação ocorreu com a ajuda de policiais, funcionários contratados pelos proprietários do prédio e também dos próprios estudantes, que não ofereceram resistência.
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A justiça também autorizou a liberação das áreas ocupadas no movimentado bairro de Mong Kok, atendendo ao pedido de associações de taxistas e de micro-ônibus. Um terceiro acampamento permanece em Causeway Bay. Os ativistas ocuparam as ruas no final de setembro para tentar reverter uma decisão do Congresso Nacional do Povo que restringe a candidatos apoiados por Pequim o cargo de chefe executivo de Hong Kong.
O status de Hong Kong
Ex-colônia britânica, Hong Kong passou a ser uma região administrativa especial da China em 1997, ano em que o enclave foi devolvido. Pelo acordo entre britânicos e chineses, Hong Kong goza de um elevado grau de autonomia, liberdade de expressão e econômica. Também preserva elementos do sistema judicial ocidental. Essas condições devem ser mantidas pelo menos até 2047.
O número de participantes nos protestos, que chegou a dezenas de milhares, caiu consideravelmente nas últimas semanas. No entanto, mesmo com o desmonte de acampamentos nesta terça, lideranças estudantis afirmaram à rede britânica BBC que o movimento não acabou e que apenas as áreas mencionadas na decisão judicial foram liberadas.
Outras solicitações para liberação de vias bloqueadas estão sendo analisadas pela justiça. Algumas operações policiais já realizadas para retirada de barricadas terminaram em confrontos. No mês passado, policiais foram flagrados agredindo um manifestante depois de uma tentativa de retirar os bloqueios em uma passagem subterrânea em Admiralty.
No sábado, um grupo de estudantes foi impedido de viajar a Pequim, onde tentaria marcar uma audiência com o chefe de governo chinês Li Keqiang. As permissões de viagem dos estudantes foram declaradas inválidas e eles não puderam embarcar.