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Governo tenta esmagar ‘dia de fúria’ da oposição no Egito; Nobel da Paz é colocado sob prisão domiciliar

Manifestantes são atingidos por balas de borracha e jatos d'água. ElBaradei é cercado por policiais e impedido de deixar a mesquita onde rezava, em Gizé

Por Da Redação
28 jan 2011, 10h08

O Nobel da Paz, que voltou nesta semana ao Cairo, estava numa mesquita para participar das orações e disse ter sido impedido de sair

A “sexta-feira de fúria” prometida pelos manifestantes contrários ao presidente do Egito, Hosni Mubarak, começa a confirmar os temores da comunidade internacional sobre a reação do governo aos opositores. Logo nos primeiros momentos do megaprotesto realizado no Cairo, as forças de segurança entraram em confronto com os manifestantes, usando balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos d’água para dispersar a multidão. Também houve protestos – e reação da polícia – nas cidades de Suez e Alexandria. A situação ficou ainda mais preocupante quando o governo anunciou a prisão domiciliar de líder oposicionista Mohamed ElBaradei.

Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas para participar dos protestos. Pelo menos um manifestante foi morto – o oitavo em quatro dias de marchas pela democracia. As manifestações desta sexta foram as maiores – e mais caóticas – desde o início da onda de protestos. Numa praça do subúrbio de Gizé, perto de onde ficam as famosas pirâmides, policiais agrediram seguidores de ElBaradei, ganhador do Nobel da Paz que retornou ao país com status de figura central da oposição. Os manifestantes cercaram ElBaradei para protegê-lo.

O Nobel da Paz, que voltou nesta semana ao Cairo avisando que estava pronto para liderar a oposição, estava numa mesquita para participar das orações de sexta e disse ter sido impedido de sair do local. Encharcado pelos jatos d’água, ficou no meio da confusão. Horas depois, a rede de TV americana CNN informava que ele tinha sido submetido à prisão domiciliar. Nessa e nas outras manifestações, o grito era sempre o mesmo: “Fora Mubarak”. O ditador de 82 anos segue sem aparecer. Nos últimos meses, dizia-se que ele pretendia pavimentar a sucessão, preparando o terreno para seu filho, Gamal, assumir a presidência. Antes, porém, terá de se segurar no poder.

Redes sociais – Pouco antes do início dos protestos contra o governo, na madrugada desta sexta, a internet saiu do ar no país todo. Durante a tarde, usuários do país já relatavam uma lentidão acima do normal para acessar e atualizar dados em redes sociais. No começo da noite, os serviços – usados pelos manifestantes para convocar a participação dos amigos nos protestos – já tinham saído do ar. Também há relatos de que os telefones celulares pararam de funcionar no Egito. O megaprotesto estava marcado para depois do meio-dia desta sexta, após as tradicionais orações de sexta nas mesquitas.

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Também pela manhã, pelo menos sete dirigentes do grupo Irmandade Muçulmana – que tem grande influência na sociedade e na política – foram detidos no Cairo. As detenções ocorreram na sede da organização – que, mesmo sendo considerada ilegal, é de certa forma tolerada pelo governo. As fontes ouvidas pelas agências de notícias internacionais não descartaram que possam ter acontecido outras detenções em casas e em outros escritórios do movimento. Apesar do aviso de que seriam presos se participassem das manifestações, integrantes do grupo se infiltraram nos protestos.

Movimento – Esperava-se uma multidão ainda maior que a da manifestação da última quarta-feira, quando mais de mil pessoas foram detidas pela polícia. Elas foram às ruas protestar contra as medidas de aumento no preço dos alimentos, os crescentes índices de desemprego e a corrupção profunda do governo de Mubarak, no poder desde 1981. Batizada de “dia da revolta”, a manifestação começou na terça e foi organizada pela internet, inspirada no movimento que tirou do poder o presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali, no último dia 14 de janeiro.

Entre as centenas de detidos por envolvimento nos protestos, pelo menos 40 pessoas são acusadas de tentativa de derrubar o regime. Na quarta-feira, os Estados Unidos – país aliado do Egito – se declararam favoráveis à liberdade de expressão do povo egípcio. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu ao governo egípcio que não reprima os protestos pacíficos ou bloqueie as comunicações, incluindo redes sociais como o Facebook e o Twitter. Ela disse que as manifestações deram às autoridades egípcias “uma importante oportunidade” para adotar reformas.

(Com agências France-Presse e EFE)

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