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Fotógrafa retrata força de meninas skatistas no Afeganistão

"Produzir um trabalho que mova e toque as pessoas é parte da alegria de ser artista", conta Jessica Fulford-Dobson, autora a série 'Skate Girls of Kabul'

Por Julia Braun
13 mar 2016, 14h01

‘Como o skate é um esporte novo no Afeganistão, não é relacionado com nenhum tipo de preconceito ou ideia de que só deve ser praticado por meninos’

O ensaio fotográfico ‘Skate Girls of Kabul’, da britânica Jessica Fulford-Dobson, surpreende pela inusitada mistura do conservadorismo afegão com o desafiador mundo do skate. Jéssica visitou a ONG Skateistan pela primeira vez em 2013 e retratou o dia a dia de meninas que estão quebrando estereótipos ao aprender a andar de skate. O projeto foi fundado em Cabul pelo skatista australiano Oliver Percovich e busca conciliar aulas de skates para crianças e adolescentes com oportunidades educacionais. Desde 2007, a organização expandiu seu trabalho para o Camboja e a África do Sul.

Mundialmente, a Skateistan ensina o esporte para mais de 1.200 crianças toda semana. No Afeganistão, 50% de seus mais de 1.000 alunos são meninas. Em entrevista ao site de VEJA, Jessica conta como o skate está mostrando ao mundo a força, determinação e entusiasmo da jovem geração de mulheres afegãs.

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Você se surpreendeu com o número de meninas interessadas em aprender a andar de skate no Afeganistão? Antes de viajar para Cabul, pesquisei bastante sobre o trabalho desse projeto de caridade e tinha uma ideia do que esperar. Contudo, nunca vou me esquecer da primeira visão que tive daquelas meninas, andando de skate no parque esportivo de Cabul. Seus gritos de alegria eram contagiantes e seus vestidos e lenços coloridos voando no fluxo dos skates eram uma imagem de tirar o fôlego. Achei que nunca conseguiria fazer justiça a essas meninas e capturar toda sua energia positiva e entusiasmo.

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O que motiva essas meninas a procurar o Skateistan? É uma motivação dupla. Além de o skate ser muito divertido e, como qualquer esporte, proporcionar muitos benefícios, elas também recebem educação. Os alunos do Skateistan vêm pelo skate e ficam pela educação. Eles assistem a aula e têm de fazer todo o dever de casa antes das lições de skate. Pude ver que eles se esforçam e trabalham duro nas aulas. Nunca vi crianças tão atentas e focadas!

Qual o impacto de um projeto ousado como o Skateistan na cultura local? A princípio é difícil não pensar que meninas afegãs andando de skate representam um choque notável e peculiar de culturas. Foi esta inesperada justaposição que me chamou a atenção logo no início. É inegável que esse é o primeiro pensamento de muitos ocidentais. Contudo, depois que conheci as meninas e conheci mais sobre o Skateistan, percebi todos os aspectos colaborativos do projeto. Na verdade, o objetivo é incorporar a ideia de afegãos apoiando outros afegãos e mulheres apoiando outras mulheres.

As meninas que tem aulas de skate sofrem algum tipo de preconceito? Como o skate é um esporte novo no Afeganistão, não é relacionado com nenhum tipo de preconceito ou ideia de que só deve ser praticado por meninos e não por meninas. Outra coisa surpreendente sobre o skate é que ele demonstra – talvez mais do que muitos outros esportes – o quão resistentes e fortes essas meninas, ou qualquer menina, podem ser. Elas se jogam para frente com uma coragem inacreditável e ao levarem um tombo levantam rapidamente e voltam para o final da fila para torcer por seus colegas. É uma excelente maneira de ilustrar a força, entusiasmo e positividade dessas jovens mulheres do Afeganistão.

Você é britânica. Como se sentiu sendo mulher em um país com uma cultura tão diferente da sua? Ser uma mulher ocidental, trabalhando sozinha no Afeganistão, foi desafiador de muitas formas. Não pude fotografar muitas cenas que eu queria por medo de minhas ações serem mal interpretadas. Infelizmente, o mês da minha primeira visita foi um período muito violento, com diversos ataques do Talibã em Cabul, o que também foi muito desafiador. Para além das diferenças óbvias de cultura, como por exemplo, nas vestimentas, fui recebida de forma muito amigável e hospitaleira pelos afegãos. No fim das contas, somos todos seres humanos que gostam das mesmas coisas.

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Qual foi o impacto desse trabalho na sua vida pessoal? Eu estou muito contente que as fotos da série ‘Skate Girls of Kabul’ estejam expondo o trabalho brilhante do Skateistan para o máximo de pessoas possível e, assim, ajudando-os a obter apoio e financiamento. Produzir um trabalho que mova e toque as pessoas é parte da alegria de ser artista. Poder ir um passo além e criar arte que faça a diferença na realidade é a cereja do bolo.

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