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Filho de arqueólogo decapitado pelo EI diz que pai morreu para proteger tesouro histórico

Terroristas tentaram forçar Khaled Assad a revelar a localização de sítios arqueológicos de Palmira, na Síria. Família soube do assassinato pela internet e teve de fugir da cidade

Por Da Redação
9 abr 2016, 13h42

No ano passado, três meses após tomarem o controle da cidade histórica de Palmira, na Síria, terroristas do Estado Islâmico (EI) decapitaram um experiente arqueólogo e penduraram seu corpo em uma coluna na praça principal da cidade conhecida por seus sítios arqueológicos. O renomado cientista Khaled Asaad tinha 82 anos quando foi assassinado, em agosto de 2015. Nesta semana, o filho do arqueólogo contou ao jornal britânico The Times que Assad preferiu morrer a revelar aos jihadistas a localização dos tesouros de Palmira. “O principal motivo da execução do meu pai foi ele ter se recusado a contar aos terroristas onde estavam os monumentos ainda não descobertos”, disse Mohamed Assad, filho de Khaled, ao Times.

Segundo Mohamed, quando o Estado Islâmico invadiu Palmira, os terroristas tentaram forçar o arqueólogo, especialista na cidade romana de 2.000 anos considerada patrimônio da Humanidade pela Unesco, a revelar a localização das valiosas antiguidades da região. “Levaram meu pai para a praça principal da cidade e o decapitaram em público”, contou.

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A família só soube do assassinato do arqueólogo por meio de propaganda on-line do grupo terrorista. E, para evitar a execução, os parentes tiveram de abandonar a cidade, sem chance de resgatar o corpo de Assad – o cadáver ficou pendurado no poste de um semáforo, com a cabeça decepada no chão abaixo, enquanto um cartaz descrevia Assad como um “diretor de idolatria” e um “apóstata”. “Meu pai serviu a essa cidade e a essa país por décadas. Sua morte foi feia e vergonhosa”, disse Mohamed ao Times.

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Khaled Assad foi diretor do Museu de Palmira entre 1963 e 2003, quando entregou o cargo ao filho Walid. Mohamed, que também trabalhava no museu transformado em tribunal pelos jihadistas após a tomada da cidade, contou que seu irmão Walid também foi interrogado sobre a localização do “ouro e tesouros” da cidade conhecida como ‘a pérola do deserto’.

Tesouros arqueológicos são uma importante fonte de renda para os terroristas do EI. Na última quarta-feira, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, afirmou que os militantes do EI estão lucrando entre 150 milhões e 200 milhões de dólares por ano com o tráfico de antiguidades saqueadas de sítios históricos. “Cerca de 100 mil objetos de importância global, provenientes de 4.500 sítios arqueológicos, nove deles presentes na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, estão sob o controle do Estado Islâmico na Síria e no Iraque”, disse. “O lucro obtido com o comércio ilegal de antiguidades e tesouros arqueológicos é estimado entre 150 milhões e 200 milhões de dólares por ano”.

Cientista reconhecido – Formado em história e educação pela Universidade de Damasco, Assad foi, durante quatro décadas, o cientista responsável pelas relíquias de Palmira. Após sua aposentadoria, em 2003, trabalhava no departamento de antiguidades e museus da cidade, que funcionava como um importante entreposto comercial da antiga Rota da Seda. Ele era uma dos cientistas mais importantes do Oriente Médio e, em sua carreira, escreveu livros essenciais para a compreensão de aspectos da história da cidade e do Império Romano, como As esculturas de Palmira e Zenobia, a Rainha de Palmira e do Oriente, além de diversos artigos em publicações científicas internacionais.

(Da redação)

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